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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Dilma: a fala do 7 de setembro. Acertos e Erros

A fala da Presidente Dilma nesse 7 de setembro teve acertos e erros.

O primeiro grande acerto foi ter feito, assim como no 1o de maio, um pronunciamento na internet.

Claro que o motivo foi evitar que a imprensa tivesse a oportunidade de fazer alarde com mais um panelaço das sacadas de prédios de bacanas num momento onde a situação política ainda é bem delicada. Mas, mesmo sem querer, acaba-se valorizando um instrumento do futuro e em crescimento, a internet.

Outro acerto grande foi ter colocado o país aberto para receber refugiados sírios.

Poderia ter enfatizado TODOS, fazendo alusão aos haitianos que sofrem insultos por aqui. Mas a fala de Dilma a respeito dos refugiados é de um simbolismo importantíssimo. Um contraponto importante que eleva a condição do Brasil e de Dilma.

Aliás, desde aquele horror dos gritos de coxinhas no estádio da Copa em frente a autoridades internacionais, Dilma tem sido um exemplo de conduta. É certamente a mulher mais agredida da atualidade (por uma malta de boçais) mas mantem-se com uma postura superior, elegante, corajosa e digna.

Na campanha foi límpido o destempero de Aécio ao ser questionado mais duramente (sempre um moleque mimado), notou-se o destempero de Marina ao perceber que seu balão havia murchado, mas Dilma passou com louvor nesse quesito. 

A Presidente é a única a enfrentar realmente uma barra duríssima há muito tempo e mantém a cabeça de pé e as falas corretas, sempre pontuando-se como uma estadista a defender a democracia e a liberdade de expressão.

Mas a coisa começa a complicar quando Dilma começa a falar em "erros". 

Não que erros não foram cometidos. Foram e muitos. Mas o estranho é que os erros que a Presidente menciona são os erros considerados pela Casa Grande e não pelo trabalhador.

Mais uma vez Dilma (e sua equipe) se desculpam com a Casa Grande, usando a mesma fórmula das entrevistas na Folha e no Estadão, que só servem para fustigá-la. Dilma, assim, comete o erro de dar explicações para quem a odeia e para quem não se interessa pelo que ela está falando.

Dizer que houve falha na mensuração da crise não é verdade, pois há pelo menos 5 anos o Brasil adotou medidas anti-cíclicas justamente para afastar a crise e proteger o emprego e a renda do trabalhador. 

E foi exatamente essa política que fez a Casa Grande aprontar uma gritaria. As desonerações fiscais e os investimentos em programas sociais consumiram o superávit primário (a economia para pagar juros da dívida ao grande capital) e aí a mídia gritou, não por preocupação com o Brasil, mas porque a mídia é a corneta do sistema financista!

É certo que o sistema financista tem amarras poderosíssimas, vide o caso grego, onde o Tsipras mesmo com imenso apoio popular, capitulou. Mas abandonar as bandeiras que a levaram a eleição para adotar bandeiras dos inimigos é um tiro duplo no pé.

Dilma venceu a eleição de 2014 com um discurso completamente diferente desse de agora. E venceu com o apoio de 54 milhões de trabalhadores! Por que, então, esse recuo? Por que permitir que a imagem de Guido Mantega fosse aranhada inclusive pelo seu sucessor?

Dizer que o remédio agora será amargo, amargo para quem? Por enquanto só para o trabalhador, para a maioria esmagadora de seus eleitores!

O garrote do sistema financeiro é complexo? É. A força da mídia ainda é grande? É. Mas nada justifica esse medo atroz demonstrado diante desses contendores. É certo que se o Brasil não voltasse a fazer superávit sua "nota" seria rebaixada. Mas era mesmo necessário impôr um arrocho do tamanho que o Levy está impondo?

O recuo pós- eleitoral passou a impressão de que tudo o que foi feito no passado foi errado e perdêu-se o maior trunfo contra o discurso hipócrita anti-corrupção tocado pela mídia.

Os movimentos populares estão dando o recado correto para Dilma: "estamos com você, não aceitaremos golpes contra a vontade do eleitor, mas sinalize para nós, Dilma!".

O Brasil é um país grande, as obras de infraestrutura continuam, os investimentos continuam, o povo já deu mostras (por quatro vezes seguidas) de que tem sensibilidade às políticas de investimento social. Só é preciso perder um pouco o medo e começar a falar para o povo em instrumentos de mídia que verdadeiramente queiram ouvir a Presidente.

Falar ao povo! Mostrar que a conta não vai ser jogada nas suas costas.

Dilma, deixar de falar e governar para quem te elegeu foi o seu maior erro.

Ricardo Jimenez

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