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domingo, 7 de maio de 2017

Só a unidade democrática e popular pode evitar golpe dentro do golpe!


O primeiro golpe foi frutífero.

Um conluio envolvendo mídia, setores dissidentes dentro do aparelho estatal, caciques políticos fisiológicos e interesses internacionais paralisaram o país, promoveram a caça ao PT e a Lula e derrubaram uma Presidente legitimamente eleita em um golpe de impeachment sem provas.

Foi um jogo de cena muito bem ensaiado.


Enquanto uma pseudo operação de combate à corrupção fazia da seletividade seu trunfo, exibindo 'delações' e prisões (prisões até extrair 'delações') no horário nobre da mídia hegemônica, manipulando amplo setores da opinião pública, as velhas oligarquias políticas (lideradas por PMDB e PSDB) se organizavam para tomar o poder de assalto e reimplantar, sem voto e a mando do capital especulativo, um amplo e duro projeto neoliberal.

Deu certo (em parte...).

Em parte porque no Brasil há algo muito forte que, apesar da força da mídia e da clássica arma da insuflação conservadora, sobrevive no imaginário popular: os governos Lula (e a imagem de Lula).

Já aconteceu algo parecido com Vargas.

Não fosse o legado de Lula e o golpe já teria passado o trator em tudo. Se dificuldades há, é porque há Lula! Se o povo rejeita duramente Temer é porque se lembra de Lula.

Não à toa, o golpismo tem atacado cada vez mais o legado de Lula, culpando os governos de Lula e Dilma pela crise atual provocada pelo golpe.

Aqui não é questão de ficar afirmando que só Lula existe e que ele deva ser o candidato único de uma 'esquerda' unida.

Nada disso.

Só afirmo que se por aqui a onda neoconservadora (que está varrendo a esquerda tradicional na Europa, por exemplo) não é tão intensa é porque o povo compreende que o projeto agora implantado é o oposto ao projeto de Lula. E até mesmo os setores progressistas que apoiam Ciro ganham com isso.

O projeto de agora quer a exclusão, quer um país para poucos, enquanto Lula incluiu, ampliou direitos, distribuiu renda, gerou empregos e deu ao Brasil os melhores anos de otimismo, crescimento e melhoria de vida dos mais pobres. É um fato, apesar dos inúmeros erros e insuficiências, e o povo sabe disso.

Sabedores deste cenário, e vendo a onda de resistência crescer e ganhar cada vez mais o povo, os golpistas buscam um golpe dentro do golpe.

O golpe dentro do golpe prevê terminar o serviço de destruir Lula através da Lava Jato enquanto Temer, protegido pela mídia, tem seu mandato prorrogado até 2020, quando entraria em campo uma reforma política escolhida a dedo pelas elites, assim como as reformas da Previdência e trabalhista.

Voltaria o financiamento empresarial, agora só para dois ou três partidos de caciques e coronéis, porque o golpe prevê destruir também o PT, o maior e mais influente da esquerda. A cláusula de barreira terminaria de varrer a esquerda toda.

Essa é uma ameaça real e está em curso.

Somente a unidade democrática e popular pode evitar sua consumação!

É preciso encontrar já uma pauta mínima de unidade na luta.

O projeto Brasil Nação de Bresser (feito para a candidatura de Ciro Gomes) é uma opção política de unidade? Onde Lula entraria nisso? A defesa em torno de Lula contra as arbitrariedades e a perseguição da Lava Jato e garantir a sua candidatura em 2018 é outro caminho para a unidade dos democratas? A pauta das Diretas, já! é realmente viável e tem potencial de unidade?

Eu não sei. Mas sei que é preciso definir algo a mais do que o consenso em torno da luta contra as reformas trabalhista e previdenciária, que fez do dia 28 de abril um sucesso tático, mesmo que para isso se cora o risco de perder o apoio de setores mais a direita do sindicalismo, por exemplo.

A pauta da unidade deve ser política e apontar para a reconstrução da democracia, garantindo a realização das eleições livres em 2018. E é pra já!

Ricardo Jimenez

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