Por Laís Helena de Queiroz
O verbo no imperativo, muito mais que o nome de uma festa, é uma convocação à
juventude negra ribeirão-pretana. A primeira edição, em outubro de 2016, foi uma aposta alta
em uma nova leitura social da juventude negra globalizada, uma aposta na sintonização do
interior e dos grandes centros na mesma frequência.
Ousado, Johnn William, idealizador da festa, junto com Danielle Marques, fez da AFRONTE uma inovadora combinação entre os valores do orgulho negro e a
diversidade, cada vez mais latente, da juventude.
Inicialmente, a ideia da festa surgiu como meio para financiar as atividades da iniciativa
ROJUNE, que tem como finalidade a valorização da cultura negra nas regiões periféricas da
cidade de Ribeirão Preto.
Crédito: Goiano Fotografia. |
Da articulação para levantar fundos e da construção da mensagem
antirracista e plural, a concepção da AFRONTE surge na ânsia por espaços cosmopolitas e
despidos de qualquer intolerância racial, sexual, de gênero ou de credo, onde a negritude é
traduzida em cada segundo de música, em cada detalhe da organização.
Como um meio de empoderamento, a festa é voltada para a juventude negra, no entanto,
todas as cores são bem-vindas. Com o intuito de criar laços comunitários e afetivos, pretendese
fortalecer a comunidade negra da cidade, como também sincronizar diálogos com a
juventude negra das grandes capitais do Brasil e do mundo.
O universo musical da AFRONTE
conta exclusivamente com repertórios de artistas e ritmos negros, desde dos sucessos locais aos
internacionais.
Não há como negar que a AFRONTE possui influências da “geração tombamento”, uma
nova geração que está mais preocupada em satisfazer suas vontades e necessidades de ser no
mundo, ao invés de cumprir um protocolo social da moral e dos bons costumes. A liberdade do
corpo é a regra, liberdade para a celebração do amor ao corpo preto, do amar os lábios grossos,
o cabelo crespo, o nariz largo e a pele escura.
Hoje, após 3 edições muito bem-sucedidas, AFRONTE chega a sua 4ª edição, menos de
um ano após sua estreia.
Crédito: Goiano Fotografia |
O tema é Identidade Preta (#idpreta) que lança o questionamento sobre
o que é essa construção do eu do sujeito negro, que sempre foi construído como o outro inferior.
Desse modo a temática propõe a desconstrução dos estigmas atribuídos à população negra e a
reconstrução de uma identidade pautada na revalorização da cultura, da história e da estética
negra.
A festa AFRONTE é parte da mudança que o movimento negro quer ver no mundo, é
parte de um legado e de novos pensamentos sobre negritude, é sobre afrontar o racismo e demais
opressões no nosso dia-a-dia, é sobre afrontar para o resgate da ancestralidade, é sobre afrontar
pela existência e pela resistência.
Escrito por Laís Helena de Queiroz.
Pontos de Venda:
Até quinta-feira: R$10,00
Sexta-feira: R$15,00
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Mais fotos da Festa AFRONTE:
Crédito: Goiano Fotografia |
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