sábado, 1 de julho de 2017
Após ser assada pelo fisiologismo político, para que serviu a Lava Jato?
Hoje a República brasileira tem um cérebro: Gilmar Mendes.
Ministro articulador do STF, ministro poderoso do TSE, principal conselheiro político de Temer, líder do PSDB no Senado e o pizzaiolo da Lava Jato.
Com a nomeação da nova chefe do MPF, Gilmar completa mais uma vitória e, a princípio, coloca uma pá de cal na Lava Jato.
Assim que, a partir dos movimentos do MPF, a operação se descolou de Curitiba e começou a implodir o núcleo do governo golpista, simbolizado na aliança entre Aécio Neves e Michel Temer, o mundo político fisiológico, um poderoso sobrevivente desde os tempos da ditadura, se mexeu.
Nada foi feito no sentido de frear os desmandos da operação enquanto ela só atacava o PT e Lula. Mas quando, a partir de um racha ainda um pouco claro dentro do sistema golpista, Janot apontou os canhões para Temer e Aécio, tudo mudou.
Nem mesmo o empenho da Globo em apoiar Janot contra Temer está dando resultado, pois parece que aqueles que vestiram a camiseta da seleção, em boa parte manipulados pela Globo, e que seriam o elemento humano a encher as ruas, estão em um período letárgico, recolhidos junto de suas panelas.
Da parte do campo progressista, que inclui as centrais sindicais e os movimentos sociais, a dificuldade está em levar para os atos o trabalhador não orgânico, que nunca esteve nas ruas e que, certamente, está confuso diante de uma pauta correta porém um tanto complexa: Fora, Temer; Diretas, já; reforma trabalhista; reforma previdenciária.
Diante desse quadro, o fisiologismo político opera e já tem alguns avanços claros em decisões do STF.
Qual o caminho a ser trilhado: manter Temer até 2018 e passar as leis de anistia ao caixa dois?
Em breve saberemos.
Porém, cabe a última pergunta: e Moro?
O único objetivo de Moro é atingir Lula e esse trunfo ainda está nas mãos do juiz.
Se Moro condenar Lula, sem provas, em primeira instância, duas conclusões: 1. a Lava Jato, em síntese, só terá servido para derrubar um governo, destruir a engenharia nacional e fazer perseguição política ao PT e a Lula; 2. restará claro para quem quiser ver que o fisiologismo político ainda impera e que nunca foi contra a corrupção.
O resultado prático disso para o campo progressista só será positivo se houver a possibilidade de construção de uma plataforma frentista, ampla, popular e democrática que chegue a dialogar com o povo. Nisso, sendo ou não candidato, Lula terá um papel fundamental.
Ricardo Jimenez
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