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sábado, 2 de março de 2019

Quem manda mais, Moro ou Olavo de Carvalho?


O governo Bolsonaro é uma colcha de retalhos mal costurada pelo ambiente de ódio, de negação da política e de seletividade construído nos últimos anos, no Brasil e no mundo.

Podemos notar claramente quatro alas distintas: a ala militar, a ala ultraliberal, a ala lavajatense e a ala olavete.

Os militares tentam se colocar como esteio político do governo. Hoje contam com a maioria dos postos palacianos e com o vice Mourão, que tem feito com maestria o papel anti-Bolsonaro. Dizem que esta ala se aproveitou da popularidade do 'Mito' para voltar ao poder mas que, hoje, incomodada com as gafes presidenciais, quer arrumar um jeito de transformar o Bolsonaro em Rainha da Inglaterra.


Os ultraliberais tem em Paulo Guedes o seu executivo e os interesses do capital financeiro como guia. Tentam emplacar a reforma da previdência e a privatização do Estado (como o SUS e a Educação pública, por exemplo) como forma de engordar os bolsos dos grandes rentistas. É a ala que mais tem diálogo com a ala militar e com a grande mídia e, dizem, também adoraria que Bolsonaro não atrapalhasse seu caminho.

Os lavajatenses tem em Moro o seu representante. O ex-juiz liderou a maior campanha 'anti-corrupção' do país e que, através dela, com apoio da grande mídia, derrubou o governo Dilma, enfraqueceu o PT e prendeu o ex-Presidente Lula. Com a queda moral dos antigos parceiros tucanos, o ex-juiz se aliou a Bolsonaro ainda durante a campanha. Se tornou ministro da Justiça do governo que ajudou a eleger ao prender Lula e era até essa semana aquele que tinha "carta branca" presidencial para agir 'contra a corrupção'.

Por fim, há a ala olavete. Essa ala é teleguiada pelo astrólogo que virou filósofo Olavo de Carvalho. É a ala alinhada ao chamado 'populismo de direita' em crescimento no mundo. Essa nova direita sobrevive das falhas do sistema de democracia ocidental criado no pós guerra. Brada contra o 'globalismo' e o 'comunismo'. É intolerante ao diferente e totalmente contrária a todas as agendas progressistas da ONU, como políticas de distribuição de renda e respeito à diversidade. Os movimentos feministas e LGBT são seus alvos. No mundo, o Papa é comunista, no Brasil, PT e PSDB são comunistas, e toda e qualquer agenda em prol de minorias ou direitos sociais é "mimimi".

A ala olavete é a mais adaptada aos novos tempos e a mais engajada nas redes sociais. Há tempos destilam ódio e constroem narrativas através de "think thanks" internacionais, as quais Olavo se encarrega de disseminar no Brasil a partir dos EUA e de seus seguidores.

Bolsonaro, seus filhos e a quase totalidade dos bolsonaristas são olavetes.

Desde os movimentos pelo impeachment e até há pouco tempo, olavetes e lavajtenses estavam unidos no objetivo de combater o PT. A eles se juntaram os ultraliberais nas vésperas de 2018, após a queda moral dos tucanos. A eles se associaram os militares como trampolim para voltarem ao poder pelas urnas.

Eis o governo Bolsonaro.

Mas, fica a pergunta: qual ala manda mais no governo?

Bom, Olavo de Carvalho emplacou três ministros (Educação, Direitos Humanos e Itamarati) em áreas consideradas por ele essenciais para executar a agenda obscurantista e essa semana fez Bolsonaro retirar a carta branca de Moro ao desautorizá-lo na nomeação de uma especialista em segurança pública considerada 'adepta de George Soros' pelos olavetes.

O sonho de Moro de emplacar o seu Estado policialesco através do governo Bolsonaro vai se tornando espinhoso. O recuo na afirmação de que caixa 2 era pior que corrupçãp já tinha soado mal, e agora essa de perder para o astrólogo na queda-de-braço.

O que fica de fato nesse episódio é que a caneta está na mão de Bolsonaro e Bolsonaro é olavete, e se nós fôssemos da ala militar, colocaríamos nossa farda de molho.

Blog O Calçadão

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