Só a luta e a mobilização pode salvar o projeto Vargem Alegre
Conheci algumas pessoas em
Igarapava, me lembro de cada rosto, de cada olhar de esperança e confiança.
Tenho na minha lembrança a praça, o estacionamento, o pôr-do-sol, as pessoas
chegando, o pipoqueiro atrasado, as pessoas fumando o último cigarro antes da
reunião.
Fazer a lista de presença sempre
era um problema, às vezes faltava mesa para escrever. Mas todos e todas, as
pessoas mais novas, as mais idosas, aquelas com crianças, sem exceção, tinham de “escrever o nome no papel”, para constar a presença que marcava ponto na
luta pela moradia.
Consigo ver cada um no seu lugar
naquele teatro, a moça que ficava no fundo reclamando, o casal que filmava
tudo, a coordenadora na primeira fila desconfiada, a senhora idosa agradecendo
a Deus e tendo esperança.
Até o cachorro acompanhava com atenção nossa reunião que trazia sempre uma expectativa para todos na cidade.
Tinha a presença do pessoal da
prefeitura que ajudou muito e, com o tempo, passaram a fazer parte do mesmo
sonho.
Algumas poucas vezes, os vereadores estiveram lá. Alguns nitidamente torciam contra.
Algumas poucas vezes, os vereadores estiveram lá. Alguns nitidamente torciam contra.
Consegui ao longo destes cinco
anos entender que o governo pode salvar um povo ou pode levá-lo à morte física ou à morte na esperança.
Não vou entrar em detalhes aqui,
mas o governador Geraldo Alkmin, do PSDB, foi o primeiro que teve o prazer de
iniciar a morte de várias famílias em Igarapava, quando negou a participação do
Estado de São Paulo numa pequena parte do projeto.
Depois veio o Temer que novamente, e por duas ocasiões, mentiu, descumpriu todas as portarias e foi covarde ao deixar para o novo governo a responsabilidade de contratação.
Sem dó nem piedade Bolsonaro e seus anjos da morte finalmente enterraram de vez a construção de um projeto que levaria a cidade de Igarapava, seus moradores, a comunidade em geral a uma experiência de solidariedade e justiça social.
Depois veio o Temer que novamente, e por duas ocasiões, mentiu, descumpriu todas as portarias e foi covarde ao deixar para o novo governo a responsabilidade de contratação.
Sem dó nem piedade Bolsonaro e seus anjos da morte finalmente enterraram de vez a construção de um projeto que levaria a cidade de Igarapava, seus moradores, a comunidade em geral a uma experiência de solidariedade e justiça social.
Não acho que temos que ter “sucesso”
em todas as iniciativas. Mas neste caso não se trata de projeto arquitetônico, projeto
de ideia ou papel. Trata-se de vidas e de vidas de pessoas que muito já
sofreram. São famílias que acreditaram num programa de governo, que fizeram
todas as etapas legais, e eram muitas. São famílias que viveram anos na
esperança de conquistar uma moradia. Não era uma ilusão, uma brincadeira ou algo
que se não der certo começa outro. Para muitos e muitas esta era a última
oportunidade de suas vidas.
Quem vai parar este governo de
morte do Bolsonaro?
Prefeito, deputado, entidade e as
famílias, cada um com seu grau de cumplicidade, foram presas fáceis desta
matilha de lobos cruéis covardes. Não posso deixar de fora os pastores. Perguntem a eles porque o governo não olha para os pobres.
Resta agora, cada uma com suas
responsabilidades, entender que é hora de virar o jogo e parar com tanta
crueldade do governo Bolsonaro.
“A esperança tem duas filhas
lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as
coisas como estão; a coragem, a mudá-las.” Esta frase atribuída a Santo Augustinho
pode nos ajudar.
Muitos do grupo Vargem Alegre
talvez não tenham mais força para continuar, mas sei que aqueles que conseguem terão
o dobro para compensar.
É necessário que as famílias do
grupo Vargem Alegre continuem juntas, conversem, se organizem para exigir
respeito e ação concreta que possam reparar este dano cruel que sofreram. Só
haverá alguma saída a partir da organização popular.
O fim do Programa Minha Casa
Minha Vida e do projeto Vargem Alegre que atenderia 261 famílias interessa a
quem? Quem usará aquela terra para morar? Por que tem dinheiro para projeto
comercial? Até quando vão ignorar as famílias que não tem onde morar? Por que
tanta terra vazia e tanta gente sem-terra?
Não precisa ser assim, não deve ser assim. É necessário se indignar com esta situação e fazer desta indignação ações para exigir que o poder público cumpra seu papel de zelar pela população mais vulnerável da cidade. Não podemos aceitar apenas que "não deu certo", isso é mentira. Deu certo sim, o que não houve foi o cumprimento do programa, houve um crime cometido pelo governo e devemos buscar todas as formas de responsabilizar o governo por isso.
Não precisa ser assim, não deve ser assim. É necessário se indignar com esta situação e fazer desta indignação ações para exigir que o poder público cumpra seu papel de zelar pela população mais vulnerável da cidade. Não podemos aceitar apenas que "não deu certo", isso é mentira. Deu certo sim, o que não houve foi o cumprimento do programa, houve um crime cometido pelo governo e devemos buscar todas as formas de responsabilizar o governo por isso.
Jamais devemos aceitar a injustiça com passividade.
Paulo Honório
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