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domingo, 26 de abril de 2020

Resumo da Semana (26/04/20): com curva ascendente e 400 mortes/dia RP está pronta para afrouxar?


Brasil passa de 4 mil mortes, 400 mortes por dia e tem curva ascendente: Ribeirão Preto está pronta para afrouxar o isolamento nesta segunda-feira (27)

O Brasil iniciou o mês de abril com 201 mortes e o mês ainda não acabou e o país ultrapassa neste domingo a marca dos 4 mil mortos ( com uma taxa de 400 mortes ao dia) com um total de 59 mil casos confirmados, indicando um índice de mortalidade da ordem de 6%. Os gráficos que acompanham online a evolução da doença no Brasil e no mundo mostram que a curva de contágio e de morte está em crescimento: são 3 milhões de casos com 204 mil mortes (um índice de letalidade de 6%). No mundo são 185 países com casos da doença e os EUA lideram com 54 mil mortes seguido pela Itália (26 mil), Espanha (23 mil), França (22 mil) e Reino Unido (20 mil). O problema é que os índices de Itália e Espanha estão declinando enquanto os outros estão em crescimento, incluindo o caso da Suécia, único país nórdico a não fazer o isolamento horizontal. Na América do Sul, exceto Argentina e Venezuela, todos os países apresentam curvas crescentes de casos e de mortes, sendo que o Brasil é a situação mais preocupante, com 14 estados superando a marca de 1 mil casos, com a liderança de São Paulo com 18 mil casos e 1500 mortes (com uma taxa maior que 150 mortes por dia). Neste ritmo o Brasil fechará o mês de abril com mais de 5 mil mortes.

Pressionado pelos "anseios" de setores empresariais Nogueira pode afrouxar quarentena nesta segunda (27/04)


Amanhã quando o "Comitê de Transição e Retomada Pós-Covid" criado pelo Prefeito, e composto majoritariamente por representantes de setores da indústria, comércio e serviços da cidade, estiver reunido no mínimo cerca de novas 400 mortes estarão ocorrendo no Brasil. Revelando estar sendo pressionado por diversos setores, inclusive em artigo escrito na imprensa local, Nogueira tem dado sinais dúbios nos últimos dias. Uma hora acena na possibilidade de "flexibilização" outra hora afirma que pode manter a quarentena com alterações graduais e "baseadas em dados técnicos". O fato é que o decreto do Prefeito vale até dia 27 e o do governador, que tem balizado e impedido a reabertura em alguns municípios do interior, vai até dia 10 de maio com possibilidade de flexibilização gradual. O maior risco é que Ribeirão Preto, apesar de manter números oficiais baixos ( 238 casos e 6 mortes) está, assim como todo o interior de São Paulo, no alvo do crescimento da pandemia no Brasil e reabrir atividades comerciais nesse momento significa colocar a cidade e as pessoas na mira do perigoso imponderável. De parte do governo estadual parece que a intensão de realizar a reabertura gradual já está tomada, incluindo a discussão sobre a volta das aulas (essa semana o governo do estado apontou para julho o retorno das aulas). Em Ribeirão Preto a pressão de uma parte do setor empresarial local é pela reabertura a partir de primeiro de maio. O Ministério Público é contrário ao relaxamento nesse momento.

Com briga de cobras, desinformação e falta de uma política de fôlego do governo federal a Covid-19 vai avançando enquanto o Brasil afrouxa o isolamento

Desde o início da crise sanitária o Brasil tem um inimigo claro da política de isolamento, o Presidente da República Jair Bolsonaro e a infeliz frase "é uma gripezinha". Todos os tipos de desinformação e guerra política foram tentados e realizados. Negacionismo, tentativa de politização com governadores, Congresso e STF, carreatas da morte e lentidão para aprovar as medidas necessárias para conter a crise sanitária (através do isolamento) e a consequente crise econômica. Enquanto os bancos receberam 1,2 trilhão de reais e a garantia de ter seus títulos podres comprados pelo governo, a população esperou mais de 20 dias para ter o primeiro pacote de medidas de proteção da classe trabalhadora (600 reais) e do setor produtivo (linhas de crédito e compensação para redução dos encargos salariais). No total, menos de 100 bilhões de reais  destinados a isso. Diante da insuficiência de tal pacote e da campanha contrária do Presidente e seus seguidores, a crise política se somou à crise sanitária e econômica. Caiu o ministro da Saúde que contestava o Presidente e entrou um que se alinha ao delírio potencialmente genocida. O Congresso e seu presidente são atacados a todo momento, assim como os governadores alinhados às determinações da OMS (Organização Mundial de Saúde). E na última sexta-feira as duas cobras mais encorpadas alojadas no governo resolveram brigar. Moro saiu atirando e Bolsonaro discursou para alinhar suas hordas de seguidores contra o ex-aliado. Enquanto isso a fome dos trabalhadores aumenta, a penúria dos pequenos e médios empresários aumenta e os orçamentos do estados e prefeituras minguam. E os números da Covid-19 assustam. A se manter a taxa de 400 mortes por dia, terminaremos abril com mais de 5 mil mortes e chegaremos no final de maio com mais 12 mil mortes, impactando de maneira dramática o já pressionado sistema de saúde. Diante desse cenário o campo popular e de esquerda tenta se rearticular minimamente, em busca de uma agenda mínima comum e de unidade na ação, mas com muita dificuldade de romper o cerco imposto pela mídia tradicional, como a globo, que vetou em seu jornalismo tanto Lula e Haddad quanto Ciro Gomes. Neste primeiro de maio ocorrerá uma grande transmissão online juntando centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos. Já é um bom passo inicial juntamente com a adesão do grito "Fora Bolsonaro".

A pandemia fragmentou as forças que chegaram junto com Bolsonaro em 2018: a direita entra em guerra

A chegada da pandemia e a total incapacidade do governo e seu projeto neoliberal e terraplanista em lidar com ela está fazendo a direita se separar e entrar em guerra. Direita cheirosa (de Rodrigo Maia e Dória), lavajatismo (da cobra Sérgio Moro), bolsonarismo e partido militar não conseguem mais manter os laços de união. Até então essas quatro forças que chegaram juntas com Bolsonaro em 2018 estavam unidas e aguerridas na aprovação da pauta neoliberal: retirada dos direitos trabalhistas, retirada da aposentadoria, privatizações da saúde e educação através da política de teto de gastos e ataque aos servidores públicos não militares, pois os militares, principalmente os de alta patente, ficaram fora das reformas. Mas a pandemia e o comportamento irracional de Bolsonaro rachou o esquema. A direita cheirosa e Moro ensaiam uma aliança de oposição (apoiados pela globo) enquanto o bolsonarismo segue com o apoio do partido militar (apoiados pela Record de Edir Macedo). No meio disso, e da falência do sistema neoliberal (que já estava falido antes da crise), estão o povo, o setor produtivo e as prefeituras, todos quebrados, expostos à uma epidemia crescente e sem perspectivas de curto, médio e longo prazos. São cerca de 150 milhões de brasileiros atirados sem nenhuma proteção nos braços da incerteza (incluindo os servidores públicos).

As eleições municipais podem ser adiadas e Ribeirão Preto chegará em 2021 em dificuldades e repleta de bombas aguardando o próximo Prefeito

O avanço da Covid-19 tem feito com que autoridades eleitorais e lideranças políticas comecem a se pronunciar sobre a possibilidade de adiamento das eleições municipais de 2020. Esse mês o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, disse que há esta possibilidade diante da crise sanitária. Algumas propostas estão sendo ventiladas: adiar para dezembro desse ano, adiar para abril do ano que vem sem possibilidade de prolongamento dos atuais mandatos (nesse caso as prefeituras seriam assumidas interinamente por juízes de comarcas) e há até uma PEC tramitando no Congresso apontando para a realização das eleições municipais somente em 2022, unificando todo o calendário eleitoral brasileiro. O fato é que o adiamento está na ordem do dia e muito provavelmente ocorrerá ou para dezembro desse ano ou para abril do ano que vem. Os próximos prefeitos brasileiros terão uma vida muito difícil diante da precarização econômica do país e da brutal contração da arrecadação pública em 2020. Semana passada este Blog informou que Ribeirão Preto poderá ter uma queda de 20% na arrecadação deste ano, o que coloca a peça orçamentária do ano que vem (que será votada esse ano) na categoria de obra de ficção. E a falta de orçamento é apenas um dos problemas. Há outras bombas aguardando o próximo Prefeito: o contrato do lixo, o contrato do transporte público, o novo marco regulatório do saneamento básico e a pressão pela privatização do DAERP, os problemas na Coderp, o endividamento do município, o enorme passivo social da cidade, a começar pelo déficit de 20 mil moradias, os problemas na educação e na saúde (3 AMEs e duas UPAs na fila). Essa semana Duarte Nogueira, que já buscou 70 milhões em empréstimos bancários para asfaltar rua, consertar escolas e reformar museus, tentou buscar outros 60 milhões para reformar a Cava do Bosque e fazer o novo "Bom Prato". A Câmara negou, o que pode ser até uma jogada do Prefeito para lavar as mãos do tal "Bom Prato"de vez. Sem uma mudança drástica na política econômica nacional e uma unidade política mais avançada, democrática e progressista em Ribeirão Preto, 2021 poderá ser um ano obscuro para toda a cidade. Ainda mais se Nogueira vier a vencer as eleições, batam na madeira...

Blog O Calçadão




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