Placar final da votação que acolheu o veto do prefeito Ricardo Silva |
Vereadoras do PT defendem em falas proposta vetada por Ricardo Silva e criticam omissão da prefeitura em garantir apoio psicológico nas unidades escolares
A
Câmara Municipal de Ribeirão Preto, nesta segunda-feira (2), acolheu o veto
total do prefeito Ricardo Silva (PSD) ao Projeto
de Lei nº 46/2025, que institui a Política Municipal de Atenção
Psicossocial nas Comunidades Escolares. De autoria da vereadora Perla Miller, o
texto havia sido aprovado anteriormente por unanimidade, mas foi integralmente
barrado pelo Executivo sob a justificativa de vício de iniciativa e
sobreposição ao Programa Saúde na Escola (PSE).
Durante os
encaminhamentos, a própria autora do projeto, Perla Muller, subiu à tribuna
para pedir a derrubada do veto, acusando o governo de não compreender o escopo
da proposta.
“O veto aponta dois
fundamentos — um de ordem material e outro de ordem formal — que não guardam
nenhuma relação com o conteúdo aprovado. O PSE é um programa limitado, que não
atinge todas as escolas e não cobre a complexidade de uma política de atenção
psicossocial contínua e integrada à educação”
Perla
destacou ainda que a proposta não cria cargos, não gera despesas diretas nem
interfere na estrutura administrativa do Executivo:
“É uma diretriz de
política pública que deve ser regulamentada posteriormente pela Prefeitura,
como determina a própria Constituição e decisões do STF”.
A vereadora Duda
Hidalgo reforçou a fala de Perla e criticou a precariedade do serviço atual.
“Mesmo que o
projeto exigisse contratação de profissionais, o município já está obrigado por
lei federal a garantir atendimento psicossocial nas escolas. Ribeirão Preto tem
mais de 100 unidades escolares e conta com apenas uma psicóloga na rede. Isso é
inaceitável”,
afirmou, defendendo o voto pela derrubada do veto.
Também em apoio ao
projeto, a vereadora Judeti Zilli, do Coletivo Popular Judeti Zilli (PT), lembrou
que a proposta se soma aos esforços de enfrentamento à violência nas escolas.
“A ausência de
atendimento psicossocial é uma das causas mais graves da inoperância da rede
protetiva. Estamos há mais de 30 dias em diálogo com profissionais e gestores
escolares e o diagnóstico é unânime: falta articulação entre as secretarias e
suporte às famílias. É impossível uma cidade como Ribeirão Preto contar com
apenas uma psicóloga para toda a rede municipal”, criticou.
Apesar da
mobilização das parlamentares, o veto foi mantido pela maioria da Câmara, com o
argumento apresentado pelo líder do governo, vereador Lincoln Fernandes (PL).
Mesmo sem explicar como, ignorando o argumento da vereadora Perla Muller de que o projeto não cria obrigações ao Executivo, Lincoln afirmou que o PL incorre em vício de iniciativa e cria obrigações para o Executivo.
Além
das vereadoras Perla Muller, Duda Hidalgo e Judeti Zilli, todas do PT, votaram
NÃO ao veto, apenas, os vereadores André Rodini (NOVO), Rangel Scandiuzzi
(PSD). O veto foi acolhido com 15 votos favoráveis e 5 contra.
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