Bárbara Loureiro realizou fala para a Jornada Nacional em Defesa da Natureza |
Durante a
Jornada Nacional em Defesa da Natureza, Bárbara Loureiro, da Coordenação
Nacional do MST, afirma que agronegócio e mineração estão entre os principais
causadores da crise climática e aponta a reforma agrária popular como
alternativa estruturante.
No último
dia 3 de junho, Bárbara Loureiro, da Coordenação Nacional do MST, apresentou
uma análise sobre a crise ambiental e seus impactos nos territórios rurais. A
análise, publicada na página nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra, ocorreu devido à Jornada Nacional
em Defesa da Natureza e dos seus Povos, atividade realizada entre os dias 31 de
maio e 7 de junho em todo o país. Em sua fala, Loureiro relacionou o avanço da
degradação ambiental à atuação do agronegócio e da mineração no Brasil.
Segundo
Bárbara, os efeitos da crise já são perceptíveis no cotidiano da população. A
dirigente citou como exemplos as secas prolongadas que comprometem a produção
de alimentos, enchentes no Rio Grande do Sul, deslizamentos de terra em estados
do Nordeste, queimadas provocadas por fazendeiros e o esvaziamento de rios como
o Madeira, na Amazônia.
Para a
dirigente, a explicação da crise não pode se basear em culpabilizações
genéricas da humanidade.
O principal responsável pelos problemas que
vivemos hoje no Brasil é o agronegócio e a mineração”
Bárbara
mencionou dados do MapBiomas que indicam que 97% do desmatamento no país está
relacionado a práticas do agronegócio. Além disso, destacou o uso intensivo de
agrotóxicos, o comprometimento da biodiversidade do solo e o uso excessivo da
água para monocultivos como fatores agravantes da crise. Também chamou atenção
para as emissões de gases de efeito estufa.
“Só
o agronegócio contribui com cerca de 75% das emissões desses gases.”
A dirigente
do MST criticou ainda o "capitalismo verde", termo usado para definir
estratégias de compensação ambiental que mantêm o modelo de produção
inalterado. Como exemplo, citou os créditos de carbono, apontando que essas
práticas “não reduzem emissões,
apenas autorizam a continuidade da poluição em troca de pagamentos.”
Loureiro
apontou que essas políticas ambientais promovem a mercantilização de
territórios preservados, como terras indígenas, quilombolas e assentamentos de
reforma agrária, sob o argumento de conservação ambiental. Também criticou a
preparação do estado do Pará para a COP 30, que ocorrerá em Belém em novembro.
“O
governo do Pará tem construído árvores artificiais e realizado obras urbanas,
mas sem resolver os problemas concretos enfrentados pela população.”
Em
contraposição, a militante do MST apresentou quatro eixos defendidos pelo Movimento
como base para a superação da crise ambiental:
1. Democratização do acesso à terra, com
reforma agrária e proteção dos territórios tradicionais;
2. Soberania alimentar, garantindo o direito dos povos
decidirem sobre o que produzir, como se alimentar e como distribuir os
alimentos;
3. Agroecologia, como alternativa à lógica de exploração dos
recursos naturais;
4. Defesa dos bens comuns, como água,
sementes, biodiversidade e solo, entendidos como patrimônio coletivo.
Encerrando
sua fala, Bárbara ainda reforçou a importância da mobilização popular e da
construção de alternativas concretas nos territórios: plantio de árvores,
viveiros, doação de mudas e vivências agroecológicas.
Veja a fala completa clicando aqui
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