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domingo, 13 de novembro de 2016

O que esperar de um governo cujo Ministro afirma que saúde para todos é "coisa de ideólogo"?

O governo Temer, montado sobre os escombros de um golpe contra 54 milhões de votos e um impeachment contra uma Presidente honesta, veio para isso: desmontar o Estado brasileiro e rasgar a Constituição de 1988.

Sem precisar passar pelo voto, os derrotados neoliberais decidiram retomar sua agenda privatista pela força, pela imposição.

O SUS e a educação pública estão na mira dos golpistas. As agendas dos Ministérios da Educação e da Saúde apontam para o desmonte da universalização desses serviços públicos, estruturados na carta de 1988.

A declaração de Ricardo Barros, o ministro representante dos planos privados, é reveladora. Tenta impor amarras 'orçamentárias' ao SUS enquanto uma PEC da morte proposta pelo governo libera a já pornográfica política fiscal brasileira destinada a agradar ao 'mercado', onde os pagamentos da dívida pública superam 45% de tudo que se arrecada, contra míseros 10% da saúde.

Leia o brilhante artigo de Fernando Brito no Tijolaço.


Se um governo deve ser medido pelo tratamento que dá às duas questões mais sensíveis a um país imenso como o Brasil – Educação e Saúde – e se este tratamento começa pela visão que têm seus responsáveis, os ministros das duas pastas, o nosso tem um retrato bem traçado nos senhores Eduardo Frota  Mendoncinha e Ricardo Barros.
Este energúmeno disse ontem à BBC que  os que desejam um sistema de saúde  que atenda todos os segmentos da população – “não são técnicos, nem especialistas, são ideólogos que tratam o assunto como se não existisse o limite orçamentário, como se fosse só o sonho”.
Logo à BBC, “seu” Barros?
Será que o senhor é tão ignorante  em matéria de saúde que não sabe o que é lá na terra da BBC (B é de British, ministro) que funciona o National Health System, o famoso NHS, a maior estrutura de saúde pública do mundo?
Se, claro, tem defeitos, como defeitos tinham até os 12 Apóstolos, mas que é aprovada por três quartos da população, inclusive por 64% dos integrantes das classes A e B? Para ajudar, dou o link para a pesquisa feita pelo governo do Reino Unido, que pode ser acessada aqui.
E , embora a ideia seja mais antiga, veio após a II Guerra porque não dava para pegar as pessoas mutiladas pelos bombardeios nazistas  e perguntar: ele tem plano? É Bradesco ou Amil?
Não sei se passa pela cabeça do Ministro que seja correto, em tempos de paz, ser bem ou mal atendido, doente ou acidentado, dependa de ter ou não ter plano de saúde.
barros1Aliás, desde quando saúde privada no Brasil é saúde privada, se boa parte dela é paga pelo Estado brasileiro na forma de isenção tributária, que chega a R$ 20 bilhões e representa quase um quarto do orçamento do Ministério da Saúde?
O gráfico ao lado mostra  o que os “gastos tributários” (isenções, renúncias e abatimentos fiscais) representam das despesas da União com a Saúde.
E este importo que não é recolhido, em tese, pertence a todo o povo brasileiro.
Parceria público-privada é isso aí e se o senhor quiser saber como é lucrativo, pergunte ao notório banqueiro André Esteves, que ganhou um dinheirão comprando planos de saúde e vendendo a conglomerados estrangeiros…
Mas isso ele sabe, tanto que chamou as seguradoras de saúde para ajudar a montar uma proposta de “planos de saúde acessíveis”, com cobertura de atendimento reduzida, para o público de menor renda.
O ministro pode não entender nada de saúde ou de humanidade, mas de negócios, entende.

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