No Brasil há um paraíso fiscal interno funcionando desde 1995, chama-se isenção de Imposto de Renda para lucros e dividendos empresariais.
Dessa forma, a casta rica do país, os grandes magnatas, praticamente não recolhe imposto sobre sua renda, enquanto que o trabalhador comum é taxado anualmente em 27,5%.
Este é só um exemplo de nossa esdrúxula e injusta carga tributária, que taxa o consumo ao invés da renda e do rentismo. Por isso que no Brasil um assalariado paga muito mais imposto em proporção do que um magnata.
Nos períodos de bonança, como foram os anos de 2005 a 2009, principalmente quando há um governo com sensibilidade social, como de fato houve, todos ficam felizes.
Entre 2005 e 2009, os magnatas nadaram de braçada e foram aos píncaros do gozo, pois o governo da ocasião, mesmo com sensibilidade social e certa visão estratégica, não ousou mexer na injusta estrutura tributária e nem na pornográfica política de juros do país, mantendo inclusive o paraíso fiscal mencionado acima.
Enquanto que o povo também ficou feliz com avanços reais e importantes conseguidos no período, principalmente na geração de empregos, na distribuição de renda e no acesso ao ensino superior.
Mas aí veio a crise, que sempre vem.
Neste momento, onde não há mais fartura, algo precisa ser feito.
O que faria um país sério, com responsabilidade com seu povo e sua história?
Bom, países sérios fazem o seguinte: no período de bonança eles poupam, fazem economia e fortalecem as estruturas internas, tanto sociais quanto econômicas. Nos momentos de crise, eles investem nas tais políticas anti-cíclicas, usam o que pouparam para combater a recessão e proteger o emprego, a renda, o nível social da população e a economia.
Essa é a cartilha seguida pela ampla maioria dos países industrializados do mundo, onde impera o livre mercado na micro-economia mas onde o Estado não abre mão de seu papel estratégico no desenvolvimento macro-econômico e na manutenção do nível de renda, emprego e qualidade de vida do povo.
Mas no Brasil não é assim. Aqui o mais importante é manter o poder da casta e não o nível de vida do povo.
Não Brasil, quando a bonança acaba, as estruturas de poder atacam as conquistas sociais, atacam os direitos do povo.
No Brasil, principalmente no Brasil atual, do golpe, quem paga a conta é o pobre!
No Brasil em crise, não se discute a estrutura tributária injusta, não se discute o fato de o país pagar 45% de tudo que arrecada em juros da dívida, não se discute o fato de Estados e municípios estarem há mais de 20 anos engessados pelo governo federal e pela política financista imposta pelo 'mercado'.
Não.
No Brasil, principalmente no Brasil do golpe, as propostas são: uma PEC que congela educação e saúde por 20 anos, acabar com a CLT, arrochar os aposentados, cortar benefícios sociais, cortar investimentos e destruir os empregos.
Por aqui, aproveita-se até de uma crise para entregar de mão beijada 200 bilhões em barris das jazidas do pré sal, em nome do 'ajuste fiscal'.
E a narrativa avança, alicerçada em uma estrutura de mídia empresarial e monopolizada.
Para proteger o 'deus mercado', avança-se sobre o trabalhador.
O Estado do RJ, que paga montanhas em juros religiosamente mas atrasa salário de servidor, acaba de anunciar taxação de 30% sobre aposentados, cortes de programas sociais e aumento de ICMS (o imposto do arroz e do feijão).
Enquanto isso, o povo segue acompanhando as notícias da Lava Jato pelo noticiário da mídia, acreditando que o mais importante agora é combater a corrupção.
Ricardo Jimenez
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