Universidade Federal do Triângulo Mineiro visita assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, para trocar experiências e divulgar o curso de graduação em Licenciatura em Educação do Campo
Alunos da UFTM vivenciam a experiência agroflorestal do MST, em Ribeirão Preto.
Fotos: Filipe Augusto Peres
No último sábado, 25, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), pelo curso de graduação em Licenciatura em Educação do Campo (LECampo) visitou o assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto. Alunos e professores ligados à Ciências da Natureza e Matemática conheceram um pouco do Sistema Agroflorestal (SAF) realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, mediante a visita em lotes de cooperados, áreas de proteção permanente. Além disso, por meio dos professores Danilo Kato e José Henrique, a universidade divulgou para os assentados o processo seletivo 2020 do curso o qual ministram.
Danilo Kato, professor da disciplina de Ecologia, explica que o curso funciona a partir de uma pedagogia da alternância, em que uma parte do tempo se dá na escola, enquanto que a outra ocorre na própria comunidade de origem, favorecendo com que “o trabalhador e a trabalhadora do campo possam ter acesso ao ensino superior associados às suas vidas no campo, aos seus respectivos trabalhos, às suas identidades ”, afirmou Kato. A ideia deste modelo surgiu a partir de uma demanda dos movimentos sociais. Atualmente, a LECampo atende populações de Minas Gerais ao sul da Bahia.
“Em uma época nós estamos em tempo-universidade, como agora, e, depois, no tempo-comunidade, nós, professores é que nos deslocamos até às comunidades, aos assentados, às comunidades tradicionais como os quilombolas. Desse modo, trabalhamos o semestre vinculados à comunidade, ao espaço comunitário”, disse.
Ainda de acordo com o Danilo, trabalhar a formação de uma educadora/educador do campo é um diferencial pois prioriza a identidade do campo e a luta pela reforma agrária, de base comunitária. Para o professor, a escola do campo e os processos educativos vinculados à vida no campo são primordiais para a formação, e para o pensamento de uma sociedade mais justa e igualitária.
De acordo com o professor José Henrique, visitar o assentamento Mário Lago e conhecer a produção agroflorestal de suas cooperativas é um aprendizado, tanto na produção de alimentos quanto na forma de trabalho:
“O trabalho coletivo, a propriedade coletiva da terra. Tudo isso, nós entendemos como um trabalho formativo de grande importância para a construção da educação no campo, para a formação de professores. Um pouco a ênfase da nossa visita é essa, o trabalho coletivo e sustentável, respeitando a natureza, as pessoas”.
Josimar Rocha, 48 anos, filho de assentado, aluno do 4º período do curso, procurou a graduação a partir de uma identidade com as causas do campo. Para ele, a visita ao assentamento Mário Lago é importante para que os alunos possam associar a teoria aprendida na sala de aula com a prática “dentro da perspectiva da produção orgânica e sustentável”:
“No meu caso, que estou na produção, no campo, é muito importante porque eu não uso agrotóxicos e a partir desta visita, aqui, hoje, técnicas poderão ser aprimoradas quando voltar”, disse.
Para Nivalda Alves, da direção regional do MST de Ribeirão Preto e dirigente da Cooperativa Agroflorestal Mãos da Terra, a visita da UFTM, do curso de graduação em Licenciatura em Educação do Campo foi um dia muito rico:
“Tivemos um dia muito rico de troca de aprendizagens que começou às 10:00 e se estendeu até às 17:00. Os alunos puderam adquirir um material que vai lhes servir para a sua disciplina acadêmica, além da vivência que eles aprendem no curso e trazem para a gente”, encerrou.
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