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quarta-feira, 25 de março de 2020

Bolsonaro mais uma vez copia Trump e coloca os brasileiros em risco

o Brasil e seu povo reféns de ordens estrangeiras
O Brasil vive uma realidade inédita em sua história. Temos um cidadão que foi eleito Presidente em um vácuo da política, representando um falso, porém operante, discurso antissistema e tomando decisões políticas baseadas na imitação de um presidente estrangeiro e nos interesses de parte do capitalismo rentista nacional e de estruturas para-institucionais. 

Propositalmente, ele não governa. Seu governo é um loteamento de militares, muitos saudosistas do poder que tinham pré-Constituição de 1988, "Chicago Boys" amantes do atual sistema neoliberal financista e políticos oportunistas que pularam no barco bolsonarista assim que viram a oportunidade de ascensão política. 

Enquanto isso, Bolsonaro faz o que sabe fazer: discurso ideológico e distribuição de notícias destinadas a criar confusão e gerar conflitos. Continua a representar o personagem do antissistema mesmo empossado Presidente e governando totalmente dentro do sistema.

A situação do país que já vinha ruim antes do vírus piorou muito agora onde uma grave situação requer harmonia e ação conjunta de todas as esferas políticas. O resultado é o que estamos vendo, e não poderia ser diferente tendo Bolsonaro e o seu "gabinete do ódio" desfrutando parte do poder.

Enquanto escrevemos isso, Bolsonaro reforça seus argumentos do pronunciamento da noite de ontem e torna a situação do país absolutamente incerta. 

O país não tem tranquilidade, as pessoas estão à mercê do conflito de informações, as coisas mudam de uma hora para outra. No mesmo tempo em que a figura do Presidente aparece de máscara, surge minutos depois negando tudo e jogando para o caos.

Como enfrentar uma situação de pandemia assim?


Não sabemos mais como o dia vai terminar. Enquanto lideranças políticas, organizações de saúde e especialistas mundo afora buscam enfrentar o problema preservando vidas, Trump dá a ordem e Bolsonaro obedece, dentro da sua política de "destruir para depois construir" e de sua parceria com setores do capitalismo rentista.

Ao que parece, Trump e Bolsonaro jogam cartadas iguais: tentam salvar seus mandatos apostando a vida dos cidadãos de seus países e, dessa forma, também buscando salvar o modelo econômico de capital rentista, do capitalismo sem Estado, do neoliberalismo excludente que já matava antes do vírus mas que agora está disposto a matar em série, em massa, para salvar seus tostões.

Diante do impasse e da desorganização, Bolsonaro aposta na narrativa econômica, que é real, para fazer jogo político contra aqueles que escolheu como inimigos: governadores, imprensa e o sempre presente "risco do retorno do PT"

E assim o Brasil pode estar sendo levado, assim como os EUA, rapidamente à beira de um precipício cuja profundidade ninguém sabe.

Mas, e aí, salvar o capitalismo ou salvar vidas? 

Trump, Bolsonaro e alguns de seus apoiadores parecem preferir salvar o capitalismo atual, seus mandatos, apostando em apenas "algumas milhares de mortes", pois a opção de salvar vidas de verdade requer uma mudança brutal de modelo econômico, com a construção de um orçamento de guerra no combate à crise e na reconstrução pós-crise. Mas isso levaria muito provavelmente às derrotas eleitorais de ambos. pelo menos é assim que parecem raciocinar.

Sem o apoio do capital e dos militares, Bolsonaro já teria caído ou renunciado, mesmo ainda sendo apoiado por cerca de um terço dos eleitores. É verdade que parte do capital e parte dos militares já estão fazendo a retirada, mas ainda resta apoio empresarial e de quem tem as armas compradas com dinheiro público. 

Este é o dilema da República hoje.

A opinião pública, até o momento, tende a ir contra as atitudes do Presidente. Os panelaços aumentam e a situação de penúria das periferias também aumenta a cada dia. O avanço do vírus é uma sombra que cresce sobre todos e parece que a maioria das pessoas entende isso.

Mas tudo ainda é muito incerto. Estudos científicos mostram que a progressão de uma pandemia tem fases. A primeira é a negação e a tentativa de continuar a vida normalmente. O Brasil já superou essa fase. A segunda é a tomada de atitudes antes do caos instalado. Nós estamos nessa fase, mas sem a menor condição de unificação das ações. A terceira fase é o terror total com a instalação da epidemia. Todos os especialistas afirmam que esta fase virá. Só os bolsonaristas parecem descrer disso.

O que fazer agora?

Gritar "Fora Bolsonaro"? Exigir que as instituições façam o impeachment? Fazer cálculo político sobre um possível governo Mourão? Temer um golpe de Estado e a ditadura Bolsonaro? Temer o avanço indiscriminado da doença sobre os mais pobres no país mais desigual do mundo?

Não há resposta fácil hoje. A incerteza predomina. Todas as situações acima estão dentro das possibilidades. Um dia de cada vez. Porém, a experiência nos ensina que em situações de extrema gravidade os únicos caminhos que podem levar à salvação são o conhecimento científico e a unidade política em prol de uma causa. E, na nossa opinião, essa causa é a proteção da vida das pessoas e a construção de um sistema emergencial capaz de dar o mínimo de condições para que trabalhadores e pequenos e médios empreendedores possam atravessar essa crise para ressurgirem depois.

Ricardo Jimenez  e Paulo Honório- Editores do Blog O Calçadão

Um comentário:

Unknown disse...
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