Geografia do Extermínio

Ilustração: Milena Vitória

1

a serviço do imperialismo

não partidário do tratado de não proliferação de armas nucleares

contendo mais de 90 armamentos não vistoriados

com cheiro de pólvora

sem passaporte diplomático nos bolsos

com sorriso nuclear nos dentes

matas aos montes

o imperialismo chega ao mundo com tanques e fuzis na placenta,

e promessa antiga escrita com sangue inocente

muralha feita de extermínio,

suas armas dizem:

"o território teu será meu"

os mapas mudam 

os rios aprendem a correr para o Norte

enquanto em céu aberto

as crianças que conseguiram nascer

aprendem, inutilmente,

o som dos aviões

e da morte

inutilmente, sob árvores

crianças aprendem a canção

o som de suas mães mortas

antes de pronunciarem as primeiras sílabas

2

Israel, tuas vestes falsas

tua fala hipócrita

teu uniforme sujo

pisa os ossos 

o solo da Palestina

posto avançado

sentinela estadunidense do deserto,

a cicatriz que abres não fecha

Isrel, tu impões o balé da morte

sob música composta por lobistas

sob música composta por sionistas

cantada em dólares estadunidenses

(este teu bezerro de ouro)

e no ventre das mães palestinas mortas

das crianças mortas

enterras  

os que não aprenderão a escrever

todos os nomes

e os que não poderão, sequer, ter nome

enterras 

nos escombros

aqueles que lutam pela liberdade

depois

te disfarças de discurso religioso

na propaganda midiática

e enterras

os próprios escombros

para que nem as pedras 

revelem teus crimes contra a humanidade