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sábado, 5 de dezembro de 2015

A presidente guerrilheira! Por Marcelo Botosso




Em 1º de abril de 1964 o Brasil é vítima de um golpe de Estado. A elite tacanha brasileira associada ao imperialismo estadunidense através dos setores mais reacionários e atrasados das Forças Armadas depõe o presidente constitucional João Goulart, liderança fortemente identificada com a classe trabalhadora e de herança varguista.

A partir de então se acentua a “caça as bruxas”. As lideranças populares mais expressivas são “expurgadas” do país e/ou recorrem ao exílio. O ex-governador Leonel Brizola, considerado o principal expoente da esquerda tenta organizar a resistência. Militares fiéis a legalidade são perseguidos. 


Sindicalistas, professores, artistas e até cidadãos comuns têm as suas vidas dilaceradas. Prisões, mortes e torturas transformam-se em práticas de Estado.

Jovens estudantes, a maioria universitários, começam a se politizar e não visualizando outra forma de luta optam pela via armada no enfrentamento ao regime de exceção. 


Entre esses jovens idealistas estava Dilma Rousseff, que inicialmente milita na ORM-POLOP (Organização Revolucionária Marxista – Política Operária).

Seguindo a tendência de época, Dilma, resolvida pela luta armada, engaja-se em outro grupo guerrilheiro COLINA (Comando de Libertação Nacional), esse formado por muitos jovens oriundos da Ala Moça do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o mesmo partido do presidente deposto. 

Mais tarde Dilma vincula-se a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), essa uma fusão do COLINA e da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).


Dilma participa das operações de uma guerrilha que logra poucos êxitos e em janeiro de 1970 é presa na capital paulista sendo detida na OBAN (Operação Bandeirantes) onde é torturada.


Após a concessão de anistia política pelo governo, Dilma Rousseff filia-se ao PDT (Partido Democrático Trabalhista), fundado por Leonel Brizola em 1979. Depois de mais de duas décadas no PDT, em 2001, Dilma filia-se ao PT (Partido dos Trabalhadores). 

Enfrentando uma campanha sórdida e odiosa, em 2010 é eleita tornando-se a primeira mulher na presidência da República Federativa do Brasil!

Em 2014, se candidata a reeleição e novamente sofre a reação conservadora e com mais intensidade. Porém, se reelege governando o país com altivez frente a todos os ataques de quem não gosta de povo e do Brasil.


Se Dilma não teve a unanimidade dos votos (até porque “toda unanimidade é burra”), teve a maioria, sendo digna do respeito de todos. Uma pessoa que desprendeu de seus mesquinhos interesses individuais dispondo a sua vida à causa coletiva, à nação.


Dilma Rousseff entra para a História como um ser humano sensível ao seu momento histórico e que se negou ser apenas um passivo e muitas vezes acomodado expectador.

*Marcelo Botosso é historiador, autor do livro "FALN, a guerrilha em Ribeirão Preto (www.holoseditora.com.br)"

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