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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

MAIS UMA VISITA À OCUPAÇÃO DA ESCOLA BRUNO PERONI EM SERTÃOZINHO

Ontem , 30 de novembro, fizemos um visita a escola Prof. Bruno Pieroni em Sertãozinho. Essa escola está ocupada por estudantes desde o dia 24/11.

Ao chegarmos encontramos alguns alunos no portão, nos identificamos e entramos na escola. Para nossa alegria, a escola estava em perfeita condições, limpa, organizada. Os alunos estavam realizando um interclasse. Conversamos com um dos coordenadores do movimento que nos contou sobre seu dia a dia. Ele nos relatou que os estudantes estão se revezando na ocupação, que organizaram comitês de limpeza, cozinha, comunicação entre outros. Também nos relataram que os pais dos alunos estão apoiando a ocupação da escola.


 Também nos contaram de que diversas mídias corporativistas estiveram na escola, fizeram perguntas, fotos e não relataram a realidade do que estava acontecendo. Eles sentiram que essas mídias queriam realizar um crítica destrutiva ao movimento, mas como não conseguiram elas se calaram - como sempre ocorre com a grande mídia, se não é do seu “interesse” não se publica nada.
Eles tiveram a visita de estudantes da USP que deram aulas de anatomia e mídia internacional, mostrando como tem repercutido internacionalmente as ocupações de escolas em São Paulo.

O que notamos é que a proposta de reorganização (ou desorganização) do sistema de ensino de São Paulo, proposta pela gestão tucana não condiz com a realidade. O argumento usado pela secretaria da educação é pautado em uma proposta de localização espacial das escolas. Esse argumento além de ser pouco relevante não tem fundamentação nenhuma. O que ela revela é uma intrínseca discriminação social, pois os alunos pobres ficarão nas periferias, o que excluí esses estudantes do centro da cidades. A maioria das escolas que serão fechadas no Estado estão em bairros de classe média alta. Com isso perguntamos: Não está havendo uma setorização da pobreza? Sim. A reorganização escola pretende estratificar a sociedade paulista em classes econômicas empurrando os pobres, cada vez mais para as periferias. O que o PSDB quer é criar bolsões de pobreza.



Outra característica relevante a essa proposta de reorganização é que ela é ditatorial e antidemocrática. A reorganização está sendo imposta de cima para baixo, sem aprovação ou conhecimento dos conselhos escolares, das APM. Isso fere a principio de gestão democrática que deve nortear toda e qualquer ação pedagógica nas escolas  brasileiras.

Um dos destaques da ocupação está na organização da rotina diária de atividades, pautada no claro objetivo de protestar contra o fechamento da escola. Essa ideia basilar expressa-se não apenas no discurso dos estudantes, mas na nítida limpeza do ambiente, na inexistência de danos ao patrimônio público e no uso da cozinha para preparação de alimentação custeada pelos próprios ocupantes. Com duas reuniões gerais diárias, os estudantes organizam-se para cumprimento dessas atividades.

Essas reuniões também são marcadas pela criação de uma pauta clara de suas reivindicações. Longe de discursos vagos como “não quero a minha escola fechada”, os estudantes têm se informado sobre a elevada demanda de pais e alunos para matrículas no ensino médio e procurado protestar contra a argumentação da Secretaria de Educação e da Diretoria de Ensino sobre não existir uma demanda de estudantes que justifique a manutenção da escola em funcionamento. Nisso podemos evidenciar a preocupação dos estudantes em exigirem do governo estadual uma consulta pública sobre a situação da oferta e da demanda como condição prévia à elaboração de determinações radicais e polêmicas como o fechamento de escolas. A inexistência dessa consulta pública demonstra uma decisão que não se preocupa em verificar com a população seus interesses. Caso houvesse uma maior proximidade entre a política posta em prática e a demanda da população, poder-se-ia esperar que a população ocupante de mais de 180 escolas em todo o Estado não estaria tão insatisfeita. É verdade que a ação de ocupação é radical, já que impede a continuidade do ano letivo porque utiliza o espaço para protesto. Mas não é ilegal. Da mesma maneira que a decisão pelo fechamento da escola foi repentina, com data e hora marcada e sem consulta aos principais interessados (primeiramente, os alunos), a ocupação também aconteceu de modo repentino, com data e hora marcada e sem consulta aos governantes. No entanto, vale lembrar: protestar é um direito, fornecer educação de qualidade e consultar a população é um dever. 
Fica um convite para todos aqueles que se posicionam, contrários ou favoráveis, visitarem a ocupação. Caso encontrem depredações, desorganizações, desrespeitos e apenas pioras ao quadro educacional, por favor se manifestem e denunciem. Caso encontrem secundaristas reivindicando ensino de qualidade para si e para os próximos, por favor se manifestem e denunciem aqueles que, no alto de seus cargos, têm governado para poucos e não para todos.

Aos estudantes que ocuparam a escola Prof. Bruno Pieroni, e a todos os que estão, nesse momento ocupando escolas ou suas redes sociais em defesa da escola pública, gratuita e de qualidade, deixamos o nosso muito obrigado pela aula de cidadania e democracia. Parabéns!!!!

Fabio Pereira Soma - Filósofo e Pedagogo
Stefano Schiavetto - Sociólogo

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