Correm informações de que na última reunião de reitores do Instituto Federal de Educação Básica, Técnica e Tecnológica, rolou a conversa de que o banqueiro Paulo Guedes, hoje também Ministro da Economia do atual governo, acha que é muito o que se investe na instituição que tem a maior e a melhor rede de educação pública de ensino básico e superior, com viés tecnológico e pedagógico.
A rede federal foi criada em 2008 pela lei 11892. Ao longo desses pouco mais de 10 anos, a rede federal conta com 39 reitorias espalhadas por todos os Estados da Federação, num total de 644 campi atendendo cerca de 900 mil alunos.
Os Institutos Federais oferecem o Ensino Médio Integrado ao ensino técnico, no período integral, manhã e tarde, com alguns campi oferecendo inclusive alimentação aos alunos. Os resultados são espetaculares: em 14 Estados, os alunos do IF lideram as notas do ENEM.
No Ensino Médio Integrado, 50% das matrículas são feitas por alunos oriundos da escola pública e seus campi são construídos em cidades e regiões carentes socialmente e cuja presença do Instituto Federal tem o objetivo de fazer a integração escola e comunidade, visando a sua valorização e desenvolvimento.
Além disso, os campi também oferecem ensino superior, de graduação e pós-graduação, tanto no eixo tecnológico quanto no eixo pedagógico, através de cursos de licenciaturas, voltados para a formação de professores visando diminuir o déficit, principalmente, de professores de Química, Física e Biologia.
Os Institutos Federais são hoje o maior exemplo de que a educação pública funciona com alta qualidade, bastando um investimento sério e adequado, tanto na infraestrutura educativa quanto na remuneração e carreira dos profissionais da educação.
Custa caro? Para o banqueiro Paulo Guedes parece que sim. Para aqueles que enxergam a educação como um investimento fundamental para um país, parece que não.
O custo médio de um aluno do IF é de 16 mil reais contra cerca de 2,5 mil reais no resto do país, segundo cálculos de investimento do MEC. É uma grande diferença, nos resultados também.
Nos Institutos Federais há laboratórios, salas de informática, oficinas técnicas e, em muitos campi, alimentação. A carreira docente atrai os melhores quadros através de concursos públicos exigentes onde a concorrência beira os 50 para 1.
Pergunta-se: o restante da educação brasileira deve evoluir para investimentos próximos aos IF's ou os IF's devem retroagir ao nível das demais escolas públicas?
Segundo o banqueiro Paulo Guedes, e outros membros do atual governo, como a líder na Câmara dos deputados Joyce Hasselman e o presidente do Banco do Brasil, investir em educação pública, para atender aos mais pobres, não vale a pena.
A deputada afirmou que os índices educacionais brasileiros são ruins porque os professores não sabem ensinar e o presidente do Banco do Brasil disse que alunos pobres, "desnutridos" na primeira infância, não conseguem aprender, por isso investir mais na educação pública seria um contrassenso.
O fato é que os Institutos têm sofrido cortes drásticos nesse governo e ameaças veladas de corte de investimentos. Para se ter uma ideia, os campi têm recebido apenas 1/18 das verbas devidas por mês, comprometendo até as rubricas de manutenção básica.
Aparelhos de laboratório, instrumentos de oficinas, lâmpadas, projetores, tudo o que vai quebrando não vai sendo reposto pelos cortes que, a bem da verdade, ocorrem de maneira drástica desde o governo Temer.
O modelo dos institutos federais deveria ser repassado para toda a estrutura da educação pública, num processo paulatino de federalização, com parcerias com Estados e municípios. Mas o que se vê é o oposto. O retrocesso orçamentário já começa a impactar a rede federal, colocando em risco aquilo que de melhor a educação pública brasileira já produziu.
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