Se há um político habilidoso hoje no Brasil esse tem um nome, João Dória.
Não é o único, mas é um dos principais. Ele sabe caminhar pelas estradas tortuosas que foram sendo construídas a partir de 2013. Sabe surfar na onda anti-corrupção mesmo lidando com corruptos. Sabe surfar na onda de extrema direita sem romper pontes com a democracia liberal e sabe usar das artimanhas da política para puxar o tapete de adversários na hora certa, como fez com Alckmin e agora faz com os demais tucanos no processo de apropriação do PSDB.
Dória é um marqueteiro. Vendeu a imagem de 'gestor' e de conservador de direita como ninguém.
Eleito, não governou a cidade de São Paulo (perdeu feio a eleição para governador na capital) mas conseguiu levar sua imagem no lugar certo na hora certa, o interior cooptado pelo bolsonarismo. A invenção do 'Bolsodória' foi genial.
Eleito, não governa São Paulo (exceto pela agenda de repressão policial e de privatização do Estado) mas está fazendo a coisa certa na hora certa, vendendo a sua imagem de 'gestor/conservador' para os lugares certos mirando a Presidência da República.
O Brasil só vai conseguir sair do buraco em que se meteu, ou seja, do buraco Bolsonaro e suas hordas neofascistas, através de um novo pacto político, que pode ser conduzido pela elite (a opção mais provável atualmente) ou pelas forças populares (opção ainda dependente de uma relativa unidade das forças políticas democráticas e de centro-esquerda).
De qualquer forma, Dória sabe que é o favorito das elites para a próxima eleição a Presidente, seja quando for que ela ocorrer. A partir disso, está apenas observando as bananadas do Presidente atual enquanto come pelas beiradas, como fez em Nova Iorque de onde Bolsonaro foi escorraçado.
O MBL, um dos principais movimentos de rua de direita, é aliado do Dória.
O projeto que ele representa é o antigo projeto neoliberal da elite brasileira, exterminar o capítulo "Dos Direitos Sociais" da Constituição privatizando a saúde, educação, previdência e assistência social, destinando um Estado enxuto para gerir os interesses do rentismo.
A luta contra este projeto, que foi feita com sucesso entre 2003 e 2014, hoje está enfraquecida e buscando se reconstruir da derrota de 2016. Os partidos de centro-esquerda estão ainda tateando uma aliança programática e tática e o horizonte para 2020 ainda é favorável ao campo da direita neoliberal e autoritária.
Aqui, em uma genial TV Afiada, de Paulo Henrique Amorim, um pouco do que é Dória.
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