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domingo, 26 de maio de 2019

É possível a unidade do campo democrático? Em torno do que?


Essa semana que passou Lula foi visitado em Curitiba pelo Presidente do PDT Carlos Lupi e pelo ex-Governador da Paraíba Ricardo Coutinho, do PSB.

Na saída, tanto Coutinho quanto Lupi enfatizaram a necessidade de resistência frente ao desmonte neoliberal realizado no Brasil pela sequência Temer/Bolsonaro. Enfatizaram, também, repercutindo a conversa com Lula, a necessidade de um projeto nacional que resgate os direitos, o desenvolvimento e a soberania do país.

Assista à fala de Lupi e Coutinho na Vigília Lula Livre


As conversas entre Lula, Lupi e Coutinho vão ao encontro da necessidade de se construir uma frente ampla em defesa da democracia, dos direitos e da soberania. 

Uma unidade que já vem sendo costurada pelos institutos ligados aos partidos de centro esquerda: Instituto Maurício Grabois (PCdoB), Fundação Perseu Abramo (PT), Fundação João Mangabeira (PSB) e Fundação Leonel Brizola/Maurício Pasqualini (PDT). Também vem sendo construída pela tentativa de aproximação de lideranças democráticas e progressistas inclusive do MDB (como roberto Requião), da Rede, da OAB, da UNE, da CNBB e inclusive alas à esquerda do PSDB.


A necessária unidade do campo democrático e popular está difícil, tanto pelas divisões causadas pelo tempo de predomínio do PT no poder e o processo de impeachment de Dilma e a perseguição e prisão de Lula quanto pela falta de um núcleo em torno do qual se fazer a unidade.

A primeira dificuldade será superada no tempo. Lula sabe disso tanto quanto as outras lideranças. O importante é que todos mantenham as suas caminhadas. Haddad está percorrendo o país falando em universidades, conversando com movimentos sociais e com a população. Ciro, apesar de sua verve anti-Lula, também faz uma caminhada anti-neoliberal e anti-bolsonarista importante. O mesmo tem feito Guilherme Boulos.

É preciso dar tempo ao tempo.

A segunda dificuldade é mais difícil de ser superada. Qual o núcleo em torno do qual se construir a unidade? Qual o projeto de país defender?

Vivemos um período onde os preceitos do Estado de Bem-Estar Social inscritos na Constituição estão duramente ameaçados. As forças políticas de direita e neoliberais hoje no poder querem privatizar a previdência, a saúde, a educação e a assistência social.

Vivemos, também, um período onde as garantias democráticas inscritas no artigo 5o da Constituição  estão ameaçadas por um Estado policial (e, talvez, miliciano) apontado para os mais pobres e para o campo político democrático e popular, principalmente contra suas lideranças.

Ou seja, o Brasil tinha um projeto inscrito na Constituição de 1988 cujos preceitos sofrem ataques desde os anos 1990. O período 2003-2014 conseguiu conter o ímpeto neoliberal, mas a onda conservadora advinda do movimento (construído) anti-petista dos últimos anos vem avassaladora.

Não será esse o núcleo em torno do qual propor uma unidade? A defesa da Constituição e seus preceitos de democracia, soberania e Estado de Bem-Estar Social?

Para esta defesa, a unidade poderá propor uma reforma política, uma reforma do Judiciário, uma reforma tributária, um programa econômico de desenvolvimento com sustentabilidade ambiental e inclusão social através de um modelo de aprofundamento da democracia a partir da maior participação da sociedade civil.

A luta em defesa da educação que está ocorrendo desde o dia 15 de maio tem mostrado que este é o caminho possível para unir amplas forças do campo democrático e anti-neoliberais.

Essa mesma luta deverá, em breve, ser feita em defesa da saúde, assim como será feita dia 14 de junho em defesa da previdência pública.

A Constituição é o documento onde está inscrito o projeto pelo qual lutar.

Blog O Calçadão

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