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terça-feira, 12 de maio de 2020

Terceirizando, perdendo receita e emitindo nota de repúdio, onde Ribeirão Preto vai parar?


Enquanto as curvas de contaminação e de mortes seguem em crescimento no mundo, no Brasil e em São Paulo, os números oficiais de contaminação e mortes em Ribeirão Preto seguem baixos (veja estudo do HC que prevê 8,1 mil contaminados na cidade), com 343 casos e 8 mortes, o que aumenta a pressão das entidades patronais sobre a Prefeitura e sobre Nogueira, que essa semana foi colocado como integrante do Comitê Estadual de "Retomada", criado por Dória.

O governador, diante dos números crescentes, determinou a prorrogação da quarentena até dia 31 de maio, levando com isso junto os demais municípios paulistas. Entidades patronais, alegando que haverá quebra de empresas, emitiram uma Nota de Repúdio, dentre elas a ACIRP, que em 2016 ameaçou fechar o comércio do centro da cidade em apoio ao impeachment de Dilma Roussef e agora quer reabrir fazendo coro com o discurso de Bolsonaro.


Enquanto isso, o Prefeito libera o atendimento drive thru no comércio, recorre e ganha na Justiça o direito de determinar o retorno de parte dos profissionais da educação ao trabalho nas escolas e a região metropolitana receberá 210 milhões de reais de ajuda do governo federal. Sendo 86 milhões para Ribeirão Preto.

Ao invés de se confrontar com a realidade e ficar combatendo o necessário isolamento social, enquanto houver avanço da doença, as entidades patronais bem que poderiam fazer o enfrentamento político correto, que é lutar por mais recursos para a ajuda a trabalhadores e empresas.

86 milhões de reais não cobrem nem 20% do déficit fiscal esperado para Ribeirão Preto esse ano e problemas grandes aguardam no debate municipal, como os contratos de lixo, de transporte coletivo, de tratamento de esgoto, a ameaça de privatização do Daerp, o buraco sem fundo da Coderp e o endividamento do município, além da expansão mais do que necessária da saúde e da educação.

Com a mesma agenda neoliberal, privilegiando o setor financeiro e promovendo a precarização e exploração do trabalho, com deterioração do serviço público e do orçamento, não chegaremos a lugar algum. Nem mesmo comemorar o dia das mães duas vezes irá nos salvar.

Liberar abertura de shoppings, academias, igrejas e clubes sociais agora é expôr a cidade e o trabalhador à uma doença que, até agora, não tem cura nem tratamento, e ainda não chegou ao pico no país.

E a oposição de esquerda a Nogueira, e que vai buscar disputar as eleições municipais, precisa entrar com força nesse debate de projeto. Como, por exemplo, o caso das ambulâncias, que deve, sim, ser investigado. Mas há vários vereadores que votaram a favor da terceirização da educação infantil na cidade, mesmo havendo escola pronta e concurso homologado, e que agora estão fazendo jogo midiático no caso do aluguel das ambulâncias.

Com esse tipo de política não iremos longe. Ribeirão Preto vai precisar de um projeto avançado, anti-neoliberal e democrático. Quem vai propô-lo e defendê-lo?

Blog O Calçadão

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