400.000 mortes poderiam ter sido evitadas de acordo com cientistas Fotos: Edilson Rodrigues/Agência SenadoImagens: TV Senado |
Nesta quinta-feira (24) a CPI da Pandemia escutou o epidemiologista e pesquisador Pedro Hallal e a diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, Jurema Werneck.
A suspeita de irregularidades na compra de vacinas indianas pelo governo federal dominou a primeira parte da reunião. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), acusou Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, de intimidar os depoentes previstos para esta sexta (25) — Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) —, que fizeram denúncias sobre o tema. Já o Presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter pedido à Polícia Federal proteção para os irmãos Miranda.
Reportagens recentes na imprensa lançaram suspeitas de superfaturamento na compra da Covaxin, da empresa Bharat Biotech. Chamou a atenção o valor unitário das doses da vacina indiana, em torno de R$ 80, mais elevado que o de outros imunizantes, e a participação de um intermediário, a Precisa Medicamentos, o que não ocorreu em outras negociações do gênero. Luis Ricardo Miranda, responsável pela importação de insumos no Ministério da Saúde, afirmou ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre as suspeitas em torno da compra.
Renan
propôs que a CPI solicite segurança também para Francisco Maximiano, dono da
Precisa, chegando a afirmar que a comissão estaria "prevaricando" se
não o fizesse. Aziz discordou, lembrando que a CPI só estaria prevaricando se
deixasse de atender um pedido do depoente, e disse que consultará os advogados
de Maximiano a respeito. O empresário deveria ter deposto à CPI na quarta-feira
(23), mas alegou estar em quarentena por ter viajado à Índia.
Renan Calheiros reclamou de manobra de Francisco Maximiano, dono da Precisa, que pediu a derrubada de quebras de sigilo diretamente ao ministro Nunes Marques no STF. O pedido foi negado, mas, para Renan, a manobra expôs o Supremo.
Humberto Costa (PT-PE) pediu que Onyx Lorenzoni seja ouvido pela CPI, por possíveis ameaças feitas pelo ministro a testemunhas convocadas a depor. Segundo Humberto, Onyx teria usado "jargões milicianos" para fazer intimidações.
Jurema Werneck
Em sua fala, com base em estudos científicos entregues à CPI, a médica Jurema Werneck, da Anistia Internacional, disse que se o país tivesse adotado distanciamento e ações eficientes de controle do vírus, 120 mil mortes teriam sido evitadas.
Pedro Hallal
O Epidemiologista Pedro Hallal disse que a falta de uma política de comunicação unificada foi um dos erros mais graves a ser investigado pela CPI. De acordo com o pesquisador, era necessário incentivar o uso máscaras e evitar aglomerações.
O
epidemiologista também informou que slide da pesquisa Epicovid que comprovou que
negros e indígenas são mais afetados pela covid-19 foi censurado em
apresentação no Palácio do Planalto. Logo depois, o governo cancelou o apoio à
pesquisa.
Para Hallal, o Brasil é um dos piores países do mundo na resposta à covid-19 e que a postura anticiência contribuiu para isso. Ele criticou a aposta na imunidade de rebanho e calculou que 400 mil mortes de brasileiros pela covid-19 poderiam ter sido evitadas, se o Brasil estivesse na média mundial de controle da epidemia. Caso o governo federal tivesse respondido com urgência às ofertas feitas pelos laboratórios que ofereceram as vacinas da Coronavac e Pfizer, Pedro Hallal afirmou que 95,5 mil vidas teriam sido salvas.
Bolsonaro é responsável direto pelas mortes de covid-19
"Quem disse que vacina transforma a pessoa em jacaré foi o presidente" |
Em uma de suas falas, Pedro Hallal afirmou que o presidente Bolsonaro tem responsabilidade direta em parte das mortes por covid-19.
"Quem disse que vacina transforma a pessoa em jacaré foi o presidente da República, e não o governo." “Não há como governos estaduais darem conta da pandemia quando o Executivo desdenha da ciência”, disse Hallal a Humberto Costa (PT-PE)
Tando Jurema Werneck como Pedro Hallal denunciaram que vêm sofrendo ataques pessoais como tentativas de silenciamento. Eles informaram que os casos já estão sob investigação, mas pediram que as autoridades tomem providências.
Fonte: Agência Senado
Nenhum comentário:
Postar um comentário