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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Audiência Pública reúne lideranças políticas, comunidade e educadores em debate sobre o futuro da educação na região

 

Imagem: TV Câmara

Durante a primeira audiência pública para implantação do IFSP – Campus Ribeirão Preto, realizada em 6 de junho na Câmara Municipal, autoridades e representantes da sociedade civil apresentaram propostas relacionadas à escolha dos cursos e à estruturação do projeto educacional da nova unidade.

A Câmara Municipal de Ribeirão Preto sediou, na sexta-feira (6) a primeira audiência pública voltada à implantação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) no município. O evento apresentou propostas, reivindicações e informações institucionais relativas à implantação do campus, considerado relevante para a reorganização da educação pública regional.

Transmitido ao vivo pela TV Câmara e acompanhado por representantes da comunidade local, o encontro teve como finalidade apresentar os critérios que orientarão a definição dos cursos a serem oferecidos no novo campus, cuja instalação está prevista para o prédio da antiga Fábrica de Tecidos Matarazzo Sianê, local que será readequado para fins educacionais.

A abertura do evento foi realizada por Carla Isabel, da comissão organizadora, a qual esclareceu que a consulta pública constitui um processo participativo de caráter consultivo, com o objetivo de apresentar, discutir e definir os eixos tecnológicos e os cursos a serem implantados. Carla também mencionou a relevância simbólica da reutilização da antiga fábrica como espaço destinado à produção de conhecimento.

Prefeito Ricardo Silva (PSD)

O prefeito Ricardo Silva (PSD) afirmou que o momento era relevante para o município e lembrou interlocuções anteriores com o presidente da República, Lula, mencionando que a escolha da antiga Cianê como sede foi prontamente aceita. O prefeito destacou que o projeto atende a uma necessidade de formação técnica para a mão de obra local e que foi resultado de articulação política com foco no desenvolvimento urbano.

“Hoje é um dia de festa. Enfim, chegamos a este momento tão esperado: a realização da audiência pública para a implantação do nosso Instituto Federal em Ribeirão Preto, já em fase de construção. [...] Quando mencionei que a prioridade para Ribeirão Preto era o Instituto Federal e sugeri o prédio da antiga CIANÊ como sede, ele me disse: ‘Então é lá que vamos fazer’.”

O professor Paulo Sérgio Calef, diretor-geral do IFSP Ribeirão Preto, destacou o trabalho realizado por comissões técnicas e o envolvimento da comunidade na construção do projeto. Segundo ele, aproximadamente 30 reuniões foram realizadas com o intuito de coletar sugestões e discutir propostas com os diferentes setores interessados.

Ribeirão Preto terá o campus que merece. [...]Já há uma comissão trabalhando intensamente para definir os eixos tecnológicos e os cursos que comporão esse campus.”

“Tivemos quase 30 reuniões para dialogar sobre esse projeto, e hoje estamos diante da comunidade para compartilhar esse processo e ouvir sugestões.”

O vice-prefeito Alessandro Maraca (MDB) afirmou que o campus contribui para a reestruturação urbana de uma área anteriormente degradada, com potencial para se tornar um novo vetor de desenvolvimento educacional e social:

“É com esse cuidado, com esse carinho, que o campus está sendo erguido. Isso nos enche de esperança. O investimento voltou. Serão prédios e apartamentos em uma área que, até pouco tempo atrás, era degradada, usada para práticas ilícitas. Um território de violência e abandono passará a ser um território de educação e dignidade.”

Representando a UNESP, o professor José Afonso Carrijo mencionou a centralidade da educação como eixo estruturante para políticas de desenvolvimento e afirmou que a UNESP continuará colaborando com o projeto do IFSP em Ribeirão Preto.

“Trago comigo cinco palavras-chave que representam o eixo fundamental para o progresso nacional: educação, educação, educação, educação e, mais uma vez, educação. A UNESP e o IFSP caminham juntos, de mãos dadas, na construção de um projeto educacional transformador.”

O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT/SP) chamou atenção para os indicadores de desempenho dos Institutos Federais em nível nacional e afirmou que o novo campus amplia o acesso à educação técnica e superior, especialmente para grupos historicamente excluídos.

“Se considerássemos apenas os alunos dos Institutos Federais, o Brasil estaria próximo do desempenho da Coreia do Sul. Estudei à noite no Colégio Estadual Otoniel Mota, enquanto trabalhava de dia como office boy no Irmãos Curia.”

“A educação pública de qualidade serve, principalmente, àqueles que não têm vez nem voz.”

O reitor Silmário Batista dos Santos destacou que a implantação do campus em Ribeirão Preto foi a primeira confirmada entre as 100 novas unidades anunciadas pelo governo federal. Acrescentou que o êxito da iniciativa depende da adequação dos cursos às necessidades regionais e reconheceu o papel das autoridades locais na viabilização do projeto:

“O sucesso do campus está diretamente ligado à assertividade das escolhas que fizermos agora. Das 100 novas unidades anunciadas, Ribeirão foi a primeira a ser confirmada.”

A parte técnica da audiência foi conduzida pelo professor Paulo Calefi, que apresentou a estrutura organizacional, pedagógica e legal do IFSP. Foram destacados os princípios da verticalização do ensino, da transversalidade e da territorialidade. O diretor explicou que o IFSP atua com 13 eixos tecnológicos definidos pelo Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e que, conforme a legislação vigente, pelo menos 50% das vagas devem ser destinadas a cursos técnicos de nível médio, com prioridade para os integrados, e ao menos 20% à formação de professores. A definição dos eixos orientará os cursos técnicos e superiores, bem como os projetos de extensão e pesquisa da unidade:

“A definição desses eixos orientará os cursos técnicos, superiores, projetos de extensão e pesquisa da unidade.”

Calefi também detalhou o funcionamento da consulta pública, com três audiências previstas, além de um formulário digital aberto à população até 16 de junho. A segunda audiência, marcada para 10 de julho, consolidará os eixos com base nas demandas da comunidade e nos dados técnicos disponíveis. O processo foi estruturado em três etapas: mobilização, deliberação e apresentação dos resultados.

Ricardo Jimenez, professor do IFSP, coordenador da Frente de Luta pelo Instituto Federal em Ribeirão Preto, jornalista e editor do Blog O Calçadão, afirmou que a instalação do campus resulta de um processo coletivo iniciado há mais de uma década. Jimenez destacou que houve resistência inicial quanto à viabilidade do projeto, mas que, com mobilização social, ele foi concretizado

“Quero reforçar que a conquista deste campus é fruto de uma luta coletiva de mais de 10 anos. [...] Muitos duvidaram que o IFSP viria para Ribeirão Preto. [...] Hoje, provamos que é possível.”

Ricardo Jimenez

O jornalista também apresentou a demanda da comunidade e da Associação Brasileira de Enfermagem pela criação do curso técnico em Enfermagem.

“Uma das demandas que recebemos [...] é pela implantação do curso técnico em Enfermagem. O Instituto Federal é importante porque é público, gratuito, com professores concursados e sem terceirização. Isso garante qualidade e compromisso social.”

Outros participantes apresentaram sugestões e demandas específicas. Eric Wellington Borda propôs a inclusão das ciências humanas na formação docente. Adriana Cátia Corrêa, da ABEn, reforçou o pedido pelo curso de Enfermagem como instrumento de inclusão e equidade. Karen Gregores Duarte e Cauê Felipe Paiva defenderam a criação de cursos nas áreas de Edificações, Arquitetura e Urbanismo. Mauro Antônio do Nascimento e Ênio Galandel sugeriram que a produção artística e cultural integre os eixos do campus. Simone Marquetto, da Secretaria Municipal de Educação, indicou a necessidade de licenciaturas em Matemática e Ciências da Natureza. André Luiz Rezende, representante do comércio, apontou a urgência da qualificação técnica para o setor. Luffy Lopes propôs o envolvimento de arquitetos locais no projeto do campus e a criação de um curso de design com foco em reuso de materiais.

A próxima audiência pública está marcada para 10 de julho, às 19h30, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto. Sugestões da comunidade ainda podem ser enviadas por formulário digital até 16 de junho. A implantação do campus do IFSP Ribeirão Preto insere-se em um processo de expansão da rede federal com foco na inclusão educacional e na formação profissional orientada ao desenvolvimento regional.

Veja a audiência completa clicando aqui


Um comentário:

Anônimo disse...

Poderia deixar o link disponível da consulta pública mencionado na matéria.

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