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terça-feira, 3 de julho de 2018

O Galvão Bueno fez Mansplainning na Sandra Annemberg


 Por Taís Roxo

De  tempos  em  tempos  assistimos  ao  Brasil  se  submeter  a  mais  anglicismos.  Mas  peraí,  até  na luta  feminista  agora  resolveram  meter  a  colher.



Sabemos  que  toda  forma  de  luta  vale  a  pena mas  por  trás  dos  termos  mainsplainning,  manterrupting,  bropriating,  frindzone,  está  claro  o interesse  da  classe  dominante  em  controlar  a  luta  das  manas. 

Podem  não  acreditar  mas  esse glossário  está  sendo  absorvido  até  pelo  William  Bonner,  que  se  diz  complacente  à  nossa  luta. Esses  termos  anglicistas  estão  sendo  jogados  aleatoriamente  como  se  o  feminismo  estivesse na  moda,  mas  verdade  que  não  está,  e  isso  pode  ser  um  risco  muito  perigoso  e  causar esvaziamento  à  verdadeira  luta    .

Ah!  o  Galvão  fez  mansplainning  com  a  Sandra  Annemberg. Ah!  As  mulheres  estão  se  empoderando.  Todos  dizem  isso,  menos  as  estatísticas.  Os  dados mostram  que  o  Brasil  é  um  país  com  crescente  índice  de  violência  doméstica  contra  mulheres. Quase  todos  os  dias  assistimos  mais  um  caso  de  feminicídio.  Temos  que  discutir  feminismo  e machismo  em  português  mesmo! Mas  infelizmente  ao  contrário  disso,  o  Congresso  Nacional   está  votando  nesta  semana  o  Projeto-  Lei  da  Escola  Sem  Partido.

Vamos  voltar  ao  tempo  da educação  moral  e  cívica,  nossos  mestres  serão  amordaçados  como  as  repórteres  da  Globo  e  ao certo  não  poderão  discutir  em  sala  de  aula  que  o  feminismo  não  é  uma  simples  competição entre  mulheres  e  homens,  mas  que  a  luta  feminista  abarca  várias  causas  fundamentais  à dignidade  da  mulher.  Apesar  de  séculos  de  história  e  reivindicações,  o  feminismo  na  sociedade atual  ainda  é  uma  luta  mal  compreendida,  inclusive  pelas  próprias  mulheres.  Uma  luta  que  não busca  a  simples  competição  entre  os  gêneros,  como  muitos  sugerem,  mas  que  visa  a  conquista de  direitos  fundamentais  perante  a  sociedade.

Queremos  paridade  salarial,  por  exemplo. Queremos  por  na  cadeia  os  machistas  que  nos  oprimem  diariamente  cometendo  abusos psicológicos  e  físicos  que  nos  causam  traumas  irreversíveis.

Queremos    principalmente  o direito  de  votar  e  sermos  votadas  nas  eleições,    porque  até  isso  agora  também  virou  moda,  os partidos  às  vésperas  das  eleições  saem  correndo  atrás  de  mulheres  para  que  ocupemos  as cotas  obrigatórias,  mas  na  hora  h,  da  participação  efetiva  nas  decisões  partidárias,  nós mulheres  continuamos    excluídas.

A  filósofa  Judith  Butler,  sofreu  ameaças  em  sua  passagem ao  Brasil  apenas  por  discutir  identidade  de  gênero  e  orientação  sexual,  feminismo  e  aborto.

De forma  geral  ,  nós  mulheres,  buscamos  sempre  e  independentemente  das  demandas específicas  de  cada  grupo  feminista,  uma  maior  representatividade  verdadeira  e  ampla  dentro de  uma  sociedade.  Finalizo  meu  texto  com  a  pergunta  que  não  quer  calar:  Quem  matou  Luana e    Marielle. 

Taís Roxo é advogada, feminista, socialista e livre.

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