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domingo, 22 de março de 2020

Ribeirão Preto na luta contra a pandemia: prevenção, solidariedade e ação pública

Valorizar e proteger os servidores públicos

Segundo os especialistas e autoridades públicas responsáveis, o Brasil está prestes a adentrar ao período mais difícil da pandemia. Teremos um mês de abril, e muito provavelmente maio, muito difícil. 

A ordem agora é a prevenção, cuja melhor alternativa é a restrição da circulação das pessoas, e a solidariedade, principalmente com a população mais pobre, idosos e pessoas com doenças crônicas. 

Não podemos deixar que o vírus se espalhe com velocidade para evitarmos de colapsar o nosso sistema de saúde, aumentando, assim, o número de mortes. E os números iniciais são preocupantes: 45 casos suspeitos na quarta-feira (18/03), 72 na quinta-feira (19/03) e 162 até esta sexta-feira (20/03) em Ribeirão Preto, com 5 casos confirmados neste último sábado. 

Os casos no Brasil também estão aumentando rápido, e temos de considerar que nem todos estão passando por exames. Eram 291 casos confirmados no país na quarta (18/03), com 4 mortes, e passaram para mais de 1 mil casos até o dia de ontem (21/03), com 18 mortes. O Estado de São Paulo lidera o número de casos com mais de 400 confirmados e 15 mortes. 

Hoje o coronavírus já mata mil pessoas por dia no mundo. 


Na quinta-feira, o Prefeito de Ribeirão Preto decretou estado de emergência por 180 dias, determinando o fechamento de academias, clubes, shoppings e a continuidade apenas de serviços essenciais, como farmácias, supermercados (em horários determinados) e hospitais. Somente 40% do transporte coletivo funcionará a partir desta segunda-feira e os cortes de água por parte do poder público estão suspensos. 

Nesse sábado, o governador de São Paulo decretou quarentena em todos os municípios do Estado, se somando aos esforços de prevenção e contenção do avanço das contaminações. Eventos da cidade como a Agrishow, a Feira do Livro e outros foram cancelados e remarcados para após o término da pandemia. 

É preciso também restringir os cultos religiosos e dar proteção total os trabalhadores que continuarão em atividade. 

As iniciativas de solidariedade também aumentam. São vários grupos de ativistas que estão organizando ações de ajuda, principalmente aos moradores em situação de rua, aos moradores de comunidades, aos acampados da reforma agrária e aos idosos. Essa população é da ordem de 150 mil pessoas.

Você pode encontrar algumas iniciativas na nossa página no Facebook, como a ação Ribeirão Solidária que já agrega centenas de voluntários. 

Esse é o momento de união de forças e de conscientização. É preciso frear a propagação do vírus e o Blog O Calçadão faz um apelo a todos para que fiquem em casa e tomem todas as precauções, principalmente de higienização de mãos, roupas e sapatos. 

Todo apoio aos profissionais da saúde que merecem nosso aplauso mas também segurança e valorização por parte dos governantes e todo repúdio a governantes irresponsáveis, populistas e caricatos que neste momento podem causar ainda mais mortes de inocentes no país. Precisamos cobrar do Prefeito de Ribeirão a valorização, o apoio e a segurança de todos os servidores que atuarão no enfrentamento da crise.

O Brasil precisa tomar medidas emergenciais e conjunturais para derrotar o vírus e salvar as pessoas e o país

O mundo todo tem adotado o isolamento e a quarentena como medida emergencial para frear o avanço da transmissão do vírus. A Europa, foco principal da transmissão hoje, decretou em quase todos os países a restrição de circulação de pessoas. Ontem os Estados da Califórnia e de Nova Iorque, nos EUA, decretaram regime de quarentena para todas as pessoas e serão acompanhados por outros Estados. A tendência é o mundo todo seguir o mesmo padrão. 

Como consequência dessa medida, a única viável nesse momento, espera-se uma brutal depressão econômica mundial, principalmente dentro do padrão econômico adotado nos últimos 40 anos: o neoliberalismo, que precarizou as relações de trabalho e enfraqueceu os instrumentos de Estado em benefício dos compromissos com o capital financeiro.

Ainda não se sabe quando o mundo vai sair dessa crise, mas certamente sairá com grandes mudanças do ponto de vista econômico e social. De maneira emergencial, como ocorre em todos os períodos de guerra  e crises globais, é o Estado que deve liderar as medidas de contenção e reação à crise, preservando a vida das pessoas e a estrutura para a retomada pós-crise. Países europeus estão na linha de frente dessas mudanças, com estatização de vários setores da economia e programas emergenciais de distribuição de renda e isenção de impostos ao setor produtivo.

No mundo e no Brasil, os olhares se voltam para a necessidade de fortalecimento das polícias públicas e das estruturas que garantam a distribuição de renda e o bem-estar social, principalmente os programas universais de saúde, educação e assistência social, além de uma economia mais inclusiva e voltada para o ser humano. Isso a partir de ações emergenciais, com a suspensão de todos os encargos financeiros para investimento na distribuição de renda às pessoas de quarentena e investimento na saúde, e ações conjunturais, como a mudança de modelo econômico visando a reconstrução pós-crise, colocando um ponto final no flagelo neoliberal, que já causava pobreza, sofrimento e morte antes mesmo do vírus. 

É preciso cobrar isso do governo federal que atue em harmonia com os estados e os municípios, estes dois últimos necessitarão de muita ajuda nesse momento. Várias propostas estão sendo colocadas, no objetivo de oferecer ajuda aos trabalhadores em quarentena e aos pequenos e médios empreendedores. O que precisa, nesse momento, é o governo federal se convencer da gravidade do problema e romper com as bizarrices do presidente e com as amarras neoliberais e entrar de cabeça no combate à pandemia.

O Brasil e o mundo precisarão de enormes recursos para enfrentar a crise e um programa global de recuperação posterior, e nenhum desses programas será neoliberal, pois o neoliberalismo não dá conta disso, nem na emergência nem na conjuntura.

Blog O Calçadão

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