Acampados mostram mudas doadas pelo Horto Municipal de Jardinópolis que serão usados para ajudar na recuperação da nascente do Córrego do Feijão.
Fotos: Filipe Augusto Peres
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O acampamento existe faz menos de 6 meses e se estrutura em meio a uma pandemia que mostrou a todos uma crise política, econômica, social e sanitária existente no país. Entretanto, nada disso impediu os acampados do Campo e Cidade Paulo Botelho, localizado no município de Jardinópolis/SP, de abraçarem o modelo de produção agroflorestal e produzirem as primeiras verduras, legumes e frutas.
Parte da produção já faz parte da alimentação diária dos acampados, ajudando a garantir a subsistência da comunidade durante o período de desemprego e isolamento social.
"Nós começamos a plantar um sonho e, agora, estamos colhendo verdura. Eu estou plantando alface, beterraba, coentro, cebola de cabeça, cenoura planeta, couve, melancia, abóbora cambotcha entre outros", disse o acampado Guilherme Pedrozo.
Acampados já plantam no modelo agroflorestal e produzem parte da alimentação consumida no acampamento. |
Mas não para por aí. Além de ajudar a garantir uma alimentação saudável aos acampados, parte da produção já começa a ser comercializada. Mesmo que em pequena quantidade, a venda ajuda a trazer dinheiro extra para quem vive no acampamento. Guilherme afirma que as fileiras de alfaces já estão vendidas para carrinhos de lanche.
"Assim que estiver pronto é só levar".
Recuperação da nascente do Córrego do Feijão
Algumas das mudas que serão utilizadas para recuperar a nascente do Córrego do Feijão. |
A produção agroflorestal não é a única ação dos acampados do Campo e Cidade Paulo Botelho para desenvolver e recuperar o meio ambiente. Participando da Campanha nacional do MST "Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis", de acordo com a acampada e dirigente da UMM (União dos Movimentos de Moradia), Juscilene Sena, mais de 150 mudas de árvores já foram plantadas no local e outras 75 serão plantadas perto da nascente do Córrego do Feijão como forma de protegê-la.
"Nós só queremos trabalhar. Isso é uma amostra do que nós vamos fazer quando a terra sair", afirmou.
"O lugar que a gente chega, a primeira coisa que a gente quer fazer é , se tiver alguma nascente, preservar e recuperar, né?", complementou o militante do MST Guilherme.
Entenda o caso
Desde o dia 9 de março, as famílias do MST e da UMM ocupam a área da antiga Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA), hoje administrada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), no município de Jardinópolis. Antes, o local estava sendo usado ilegalmente por empresas para a produção de cana-de-açúcar e como lixão de rejeitos agroinduatriais e industriais. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra exige há anos que está terra e outras pertencentes a SPU seja destinadas para fins de reforma agrária.
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