Toda democracia digna desse
nome assegura a liberdade de opinião e expressão. Em nossa democracia, esse
direito é garantido constitucionalmente sendo vedado apenas o anonimato. No
caso dos grupos de comunicação, é possível conhecer sua opinião por meio dos
seus editoriais, textos sobre algum assunto do momento onde não se preocupam em
mostrar isenção e imparcialidade.
O editorial jornalístico é um
registro histórico que marca a opinião de um veículo de comunicação e como tal pode
ser utilizado como dado (É verdade que podemos conhecer a linha editorial de
determinado veículo de comunicação não só pelos editoriais, mas também pelas
notícias, uma vez que a forma como são escritas e transmitidas já dizem muito).
A
história se repete a primeira vez como tragédia.
Diante do golpe militar de 64, os principais veículos de comunicação do país
publicaram editoriais apoiando o golpe, o que acabou se mostrando um grande
equívoco uma vez que mergulhou o país em 20 anos de ditadura. Censura, tortura,
perseguição política e partidária, exílio, mortos e desaparecidos são alguns
sinônimos.
A
internet democratiza. Documentos históricos de qualquer tipo eram
até pouco tempo atrás de difícil acesso, mas com o advento da internet se
tornaram extremamente acessíveis. Uma vez digitalizados podem ser multiplicados
e compartilhados pela rede infinitamente. E pegou muito mal a repercussão e
propagação pela rede dos meios de comunicação que apoiaram o Golpe naquele
momento.
A
história se repete a segunda vez como farsa. O Golpe de 2016
derrubou uma presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos por meio
de um processo pago pelo partido derrotado, utilizado como barganha, foi aceito
como chantagem e retaliação. Foi acusada de um crime (que já não é mais crime,
segundo os próprios ‘juízes’ da questão), julgada por partes interessadas no
pleito com muitos dos ‘juízes’ acusados por corrupção. Diante da consolidação
efetiva do Golpe de 2016 já surgem casos de censura, retaliação, violência
policial, repressão, perseguição política e partidária e a movimentos sociais.
A
história não perdoa. E como se não bastasse, os mesmos veículos de
comunicação que outrora apoiaram o militares em 64 estão novamente
protagonizando um vexame histórico ao apoiarem (divulgarem e difundirem) o
golpe ora dito como nova roupagem. Omitir-se diante dos casos de censura e de
violência policial te torna cúmplice. Apoiar a repressão militar dos protestos
e movimentos sociais te trona cúmplice. Incitar e dar voz a perseguição
política e partidária te torna cúmplice. Cúmplices de um novo Golpe.
Aílson Vasconcelos é professor
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