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terça-feira, 13 de setembro de 2016

O cachorro morto e os cães vivos



Ao contrário de muitos, este blog não festeja a execução pública de Eduardo Cunha como um episódio edificante à democracia e à ética na política.

Óbvio que é o papel de qualquer parlamentar decente votar pela exclusão de um tipo abjeto destes do parlamento.

A questão não são os decentes, são os indecentes.

Afinal, há décadas todos sabem que Cunha é um mafioso e isso não o impediu de ter maioria absoluta entre os deputados – os mesmos que hoje cortaram-lhe a cabeça – para eleger-se presidente da Câmara.

O que se revela é que, no parlamento brasileiro, nem mesmo prevalece a velha história da “honra entre ladrões”. Os ladrões estão lá, mas nem nisso há honra.

Os solitários 10 votos mostram que o agora esquálido e cambeta Cunha foi lançado ao rio como “boi de piranha”, para que as forças que um dia o tiveram como “boi sinuelo” – aquele que guia o rebanho – pudessem atravessar a água rasa da moralidade.

Ainda é cedo para saber se vai ser devorado sem tugir ou mugir – os comentaristas da Globonews  comemoravam na base do “agora ele vai para as mãos de Moro – no estranho senso de justiça que anda por aqui. Uma anomalia onde um juiz de província faz o Supremo parecer um bando de lenientes e cúmplices da corrupção, de tanto que se comemora tirar de lá um réu e jogá-lo ao “ferrabrás”.

Não é previsível o que fará, se não houver um acordo para livrá-lo – à ele e à mulher – do Torquemada curitibano. Num dos “melhores” momentos da noite, a deputada Clarissa Garotinho disse – e Rodrigo Maia mandou retirar dos anais (perdoem-me os que perceberem duplo sentido na palavra)  da Câmara – que um dos papéis do decaído deputado era o de “psicopata”.

Ele não percebeu que, desde o dia em que comandou a implementação do processo de impeachment – do qual exigiu da tribuna a paternidade – tornou-se um cachorro morto para uma matilha de cães muito vivos.

Vivos e vorazes.

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