Entre os dias 14 e 16 de março aconteceu na cidade de Araraquara o primeiro Congresso Internacional de Democracia Participativa e Economia Solidária.
Deputada estadual Márcia Lia e demais autoridades |
Na quinta-feira, com cerca de 800 pessoas presentes, aconteceu a palestra de abertura com a participação do Prefeito de Araraquara Edinho Silva, do sociólogo Jessé de Souza e do professor da Universidade de Lisboa Dr. Jorge de Sá, representando a delegação portuguesa presente no congresso. O tema "Democracia em Perspectiva" foi base para o aprofundamento de reflexões sobre a atual crise econômica e política vivida no Brasil e no mundo.
Auditório lotado na abertura do evento |
Jessé de Souza fez uma exposição contundente e memorável. Refletindo sobre o conteúdo de suas obras, Jessé abordou a questão da profunda desigualdade social brasileira e o posicionamento da elite contra qualquer tipo de projeto que aponte para uma distribuição de renda e inclusão social. Sobre a atual conjuntura brasileira Jessé foi taxativo: "a lava jato é um instrumento político para entregar o Brasil. Sem a lava jato não existiria Bolsonaro".
As mesas de debates prosseguiram na sexta-feira, 15/3, discutindo "A economia solidária como estratégia de desenvolvimento social e participação popular" e os "Avanços e desafios de novas formas de participação política e participação popular". O destaque de sexta foi a participação do Padre Vítor Melicias, coordenador de Centro Torrense de Estudos de Economia Social de Portugal. Padre Melicias é um dos interlocutores do Papa Francisco. E, também, a mesa redonda sobre "Mídias sociais e participação no regime democrático" composta pelos jornalistas Renato Rovai (Revista Forum), Fernando Sato (Jornalistas Livres), Conceição Oliveira (Blog Maria Frô) e Viviane Noda (Canal PorQueNão?).
No sábado, 16/3, as mesas temáticas aconteceram em dois períodos. Pela manhã, o Prefeito Edinho Silva, o deputado federal Alexandre Padilha, o Presidente do município de Torres Vedras (Portugal) Carlos Bernardes, o advogado Pedro Pontual (Presidente Honorário do Conselho de Educação da América Latina) e o Professor Milton Lahuerta (Unesp Araraquara) debateram as "Novas formas democráticas de Estado e democracia participativa na gestão municipal". As discussões sobre a crise na democracia representativa e no mundo do trabalho se aprofundaram, surgindo questionamentos e ideias sobre novas formas de organização popular e de produção, como a economia solidária. Pela tarde, os temas "Experiências e avaliações dos processos e instrumentos de participação popular" e "A organização da sociedade e os movimentos sociais" foram tratados em uma ampla roda de debates incluindo representantes de diversos segmentos e movimentos sociais. O MST trouxe os exemplos de organização para a produção agroecológica interligando campo e cidade, os movimentos por moradia somaram com as experiências de organização de espaços sociais e de participação popular, os catadores de materiais recicláveis contribuíram no debate sobre a autogestão social no campo da economia solidária e a pesquisadora boliviana Cláudia Aranibar encerrou discutindo a organização popular e a economia solidária da perspectiva do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais.
Durante os três dias de evento funcionou no lado de fora do Centro de Eventos a Feira Regional de Economia Criativa, Solidária e da Agricultura Familiar, com artesanato, produtos orgânicos e da economia solidária além de comida saudável oferecida aos visitantes, como a barraca de tapioca feita com a mandioca orgânica produzida por "Seu" Pedro Xapuri, no assentamento do MST no município de Restinga/SP.
Para Edinho Silva, Prefeito de Araraquara, o Congresso contribui em dois pontos fundamentais para se visualizar novas formas de administração, principalmente a administração municipal: a participação popular e os conceitos de economia solidária. Para o Prefeito, precisamos ser capazes de construir novas formas de geração e distribuição de riquezas sem desrespeitar a natureza e sem desrespeitar os trabalhadores e trabalhadoras. E essas transformações devem se refletir no município, pois é no município que a vida real acontece.
Assista:
O deputado federal Alexandre Padilha acredita que o Congresso realizado em Araraquara toca em temas centrais da atualidade: a participação popular como espaço de construção democrática e a economia solidária como espaço de produção e distribuição de riqueza através da cooperação e do convívio social.
Assista:
O jornalista e editor da Revista Fórum, Renato Rovai, defende que a organização de espaços de debates são fundamentais para responder como pensar as novas formas políticas, novas formas econômicas e novas formas de comunicação social.
Assista:
Para o advogado Pedro Pontual, o Congresso de Araraquara contribui para recolocar centralidade na construção da democracia participativa e seus instrumentos. E destaca também a importância do intercâmbio com lideranças da América Latina e de Portugal.
Assista:
O Blog O Calçadão agradece à Maria José, Secretária de Desenvolvimento Social de Araraquara pela organização do evento e pelo apoio ao nosso trabalho.
Veja mais fotos do evento:
Jessé de Souza e Edinho Silva |
A parte exterior do Congresso ofereceu uma feira de artesanato e produtos agroflorestais. |
Neusa Paviato, dirigente estadual do MST. |
Preto, Central Única de Favelas |
Claudia Aranibar (Bolívia), pesquisadora da Comunidade de estudos Jaina, membro do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais. |
Edinho Silva (PT/SP), prefeito de Araraquara, coordena o debate |
Auditório no debate neste sábado pela manhã |
Prof. Dr. Milton Lahuerta, Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara. |
Reportagem Blog O Calçadão
3 comentários:
Muito bom... ações assim retomam o rumo que veio se perdendo pela crise política instaurada com o culminar do impeachment, golpe contra a democracia. A economia solidária, a construção coletiva são caminhos para salvar a nossa democracia.
Parabéns pelobt trabalho e acompanhamento de um congresso dessa envergadura nesse momento tão dificil e quase desesperançoso.
Uma prova fiel e fidedigna que estamos no caminho certo.
Resistir em tempos sombrios é fazer o nosso melhor e em comunhão.
Muito bom, estive lá na sexta-feira, assuntos de muita relevância.
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