No início de fevereiro deste ano as quatro fundações ligadas a quatro dos principais partidos de esquerda do Brasil (PT, PSB, PDT e PCdoB) se reuniram para lançar o Observatório da Democracia.
Representantes das quatro fundações definiram uma pauta de acompanhamento das propostas do atual governo, que integra ultraliberais, extremistas de direita, adeptos da lava jato e militares. A principal preocupação é a defesa dos direitos humanos garantidos na Constituição de 1988.
Mas é preciso avançar para uma agenda propositiva que envolva a atuação parlamentar, a articulação com sindicatos e movimentos sociais e a reconstrução do diálogo com a população.
Não é necessária uma unidade formal, até porque isso esbarra em fraturas vindas da última eleição e em ambições eleitorais futuras. Mas é preciso o mínimo de unidade programática e propositiva.
São muitos os assuntos: reforma da previdência, tentativa de legalização da atuação da lava jato acima da Constituição, defesa dos direitos humanos, tentativa de privatização da educação e da saúde públicas, política externa etc.
Tudo isso requer combatividade de contenção de uma agenda do mal e proposição de caminhos que possam servir de ponte de diálogo com a população e de pauta para a mídia.
Não é possível permitir por mais tempo que os tuítes presidenciais ou as entrevistas tresloucadas de um Guedes ou de um Ernesto possam não só pautar a mídia mas também a atuação dos progressistas nas redes sociais.
A luta contra a proposta de reforma da previdência é um caminho para o início desse processo necessário de uma oposição mais coesa e articulada. Há, nesse assunto em específico, uma movimentação parlamentar importante em direção a uma aproximação dos campos oposicionistas.
Por que não realizar um encontro nacional de debate sobre a reforma e de discussão de uma contra-proposta que possa ganhar a mídia e as redes sociais?
Se está tão difícil colocar Gleisi e Ciro lado a lado em um debate, que se faça isso através das fundações. Já seria uma ótima iniciativa.
O momento é muito oportuno, pois o atual governo encontra dificuldades em se articular internamente. O que demonstra uma falta de projeto. Cada grupo de poder tenta puxar o cobertor para o seu lado e o Presidente ajuda, quase todo dia, a piorar o cenário.
Na reforma da previdência, as últimas notícias indicam menos de 100 votos a favor da proposta do governo.
Se enganam redondamente aqueles que pensam que essa fragilidade inicial deste governo abre espaços para voos eleitorais individuais ou hegemônicos. Ou se procura construir a unidade mínima e programática ou poderemos perder a oportunidade de começarmos a sair do buraco onde nos encontramos.
Blog O Calçadão
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