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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Incêndio criminoso atenta contra a acampamento Campo-Cidade Paulo Botelho, na região de Ribeirão Preto-SP


Acampado contém o fogo antes da chegada dos bombeiros.


No último dia 28de abril, as cerca de 100 famílias do acampamento Campo-Cidade Paulo Botelho, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e UMM foram surpreendidas ao virem fogo se alastrar na mata próxima a área. “De repente começou a pegar fogo na mata e a gente correu pra tentar apagar, enquanto outros companheiros chamavam os Bombeiros”, afirmou um acampado.


Desde o dia 9 de março, as famílias de sem terra e da UMM ocupam a área da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), hoje administrada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), no Km 337, da rodovia Anhanguera, no município de Jardinópolis. O local, que vinha sendo utilizado ilegalmente para a produção de cana-de-açúcar e também como lixão de rejeitos agroindustriais e industriais, tem sido objeto da reivindicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra há anos, ao lado de outras áreas também pertencentes a SPU. 

O incêndio começou por volta das 12h30 e foi contido com a chegada do Corpo de Bombeiros e com a ajuda das famílias de sem terra. “Com certeza tem gente querendo tirar nós daqui de qualquer jeito, tentando nos amedrontar, degradando o meio ambiente”, afirmou uma acampada. “A gente sabe que tem muitos interesses aqui por essa área de pessoas que são contra a reforma agrária e que tem raiva de trabalhador sem terra”, disse outro acampado. 

De fato, o modo como os focos de incêndio apareceram, conforme relataram os sem terra, dão fortes indícios de se tratar de incêndio criminoso, principalmente pelo fato de já haver ação de reintegração de posse contra as famílias, suspensa pelo juízo em razão da pandemia da covid-19. O incêndio poderia visar, assim, a aceleração da ação de reintegração de posse.



De acordo com a direção regional do MST, “é flagrante o atentado contra o acampamento por esse incêndio ocorrido ontem [28 de abril], visando, simultaneamente, nos atacar fisicamente e acelerar a reintegração de posse”. 

Conforme nota anteriormente publicada pelo Movimento Sem Terra, as famílias reivindicam “que o INCRA apresente o mapa de todas as terras públicas hoje administradas pela União que vem sendo utilizadas de forma irregular e ilicitamente pelo agronegócio no estado de São Paulo e exige que o Instituto de Colonização e Reforma Agrária faça a vistoria dessas áreas para que possa, assim, agilizar o processo de reforma agrária parado há cerca de 3 anos no Estado de São Paulo”.


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