Quando Sérgio Moro
aceitou ser ministro da Justiça, Bolsonaro já tinha feito inúmeras declarações
fascistas como, por exemplo, em pleno congresso, exaltar um ditador que enfiava
ratos vivos nas vaginas das mulheres. Bolsonaro já tinha dito que nada entendia
de economia, já tinha sido um deputado medíocre por 28 anos com 2 projetos
aprovados. Moro foi um instrumento fundamental na construção da falsa imagem de
honestidade de Bolsonaro, mesmo com vários indícios de corrupção dele (enquanto
era parlamentar) e dos filhos. Ah, é bom ressaltar que, segundo declaração do
vice-presidente Hamilton Mourão, Sérgio Moro negociou o super ministério da
Justiça ainda no período eleitoral.
Enquanto juiz,
Moro condenou sem provas substanciais (sustentando sua peça jurídica sobretudo
em delações) o maior líder da esquerda que, pelas pesquisas, ganharia a eleição
em primeiro turno. Condenou pela reforma da cozinha de um apartamento no
Guarujá. Tal condenação foi anulada dois anos depois pelo Supremo Tribunal
Federal porque Moro foi considerado parcial. Em contrapartida, o então juiz
absolveu, por "falta de provas", a esposa de Eduardo Cunha, Claudia
Cruz, que possuía contas no exterior alimentadas com dinheiro sujo do marido.
Antes disso,
vale lembrar, Sérgio Moro contribui ativamente - leia-se politicamente - para o
impeachment de Dilma Rousseff, "vazando" de modo ilegal áudios da
Presidente da República, atitude que fere gravemente a Constituição. E, se não
bastasse, autorizou a condução coercitiva de um ex-presidente sem qualquer
necessidade empírica, já que Lula não se recusara a depor (aliás, meses depois,
o STF proibiu a condução coercitiva).
Moro vazou, novamente
de modo ilegal, parte da delação de Palocci há uma semana do pleito eleitoral
de 2018. Delação, aliás, que já estava em poder do judiciário havia meses e que
não trouxe qualquer prova, mas foi amplamente divulgada na mídia, ou seja, juiz
fazendo política de novo.
Sérgio Moro
declarou, em 2016, ao Estadão, que jamais entraria para a política e repetiu no
início de 2018, ao Globo, que juiz na política daria muita confusão. Palavras
vazias, claro. Porque desde o início da Lava-Jato, o juiz fazia política
protegido pela toga. Agora, faz às claras, com a anuência da imprensa
hegemônica.
A bandeira de
combate à corrupção ficou a meio mastro enquanto Moro foi Ministro da Justiça
de Bolsonaro. Fez “vista grossa” para as denúncias de corrupção envolvendo o
próprio presidente e seus filhos. Outro ponto: em 2017, Moro declarou com
veemência que Caixa 2 era pior que corrupção. E, enquanto membro do governo,
“passou pano” para Onyx Lorenzoni, que admitiu ter recebido Caixa 2 da JBS.
O Moro
candidato parece esquecer que o Moro ministro estava presente na célebre
reunião de abril de 2020, que foi “vazada” à imprensa. Foi nesta reunião que o
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, avisou que “passaria a boiada” por
cima das leis ambientais. O resultado está aí: Amazônia queimando, massacres
indígenas, mineração e extração de madeira ilegal correndo à solta... Foi
também nessa reunião que Moro ouviu Paulo Guedes menosprezar os funcionários
públicos e fazer piada sobre o “vírus chinês”. Aliás, esta era uma reunião cujo
intuito era debater as diretrizes de combate à epidemia. Nada disso foi feito, nem
ali nem nos meses seguintes. E Moro foi conivente. Não se posicionou sobre as
declarações estapafúrdias do seu presidente (por exemplo: “é só uma
gripezinha”, “quem tem histórico de atleta, não vai ter sintomas graves”). Ou
em relação aos tratamentos ineficientes. Ou em relação ao desestimulo da
população à vacinação. Ou em relação às aglomerações promovidas por Bolsonaro.
Moro continuou impassível, até que percebeu que o barco estava mesmo afundando.
Aí, para tentar salvar sua biografia para as eleições de 2022, saltou fora.
Em resumo, Moro
é um dos maiores responsáveis pelo caos em que estamos enfiados. Agora,
enquanto candidato, tenta recuperar a imagem de herói nacional. De modo geral,
a grande mídia está comprando seu discurso. Porém, creio que o povo não cairá
tão facilmente. Pois, como disse acertadamente Rosângela Moro, a
"conja", Bolsonaro e Moro são uma coisa só.
3 comentários:
Todos estes fatos devem estar presentes diariamente nas cabeças dos democratas, dos anti-fascistas. Parabéns, Matheus, pelos textos teus!
Tudo isso já sabemos, a mídia independente divulgou faz tempo
Meu intuito não é "fazer revelações", mas organizar os fatos e fazer uma análise.
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