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O genocídio israelense sobre o povo palestino, desde 1948, sempre ofereceu pouco espaço para o otimismo.
Apesar de décadas de um ataque de ocupação do território e extermínio do povo palestino persistente por parte de Israel, insiste-se na ideia de uma coexistência entre dois estados como o caminho mais viável e duradouro em direção à paz, caminho este que permanece inalcançável.
Derivada dos Acordos de Oslo, assinados por israelenses e palestinos na capital da Noruega em 1993, essa proposta envolve o reconhecimento universal do território concedido ao Estado de Israel pelas Nações Unidas em 1948. Também exige o reconhecimento universal das regiões da Cisjordânia e Gaza como territórios do Estado da Palestina.
No lado israelense, há uma presença ativa e significativa das forças de extrema-direita que têm trabalhado persistentemente para minar a perspectiva de um estado palestino. Isso se torna evidente na contínua expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia e nas difíceis condições de vida impostas à população de Gaza.
Essas ações, combinadas com as repetidas violações das Convenções de Genebra durante operações militares, têm gerado críticas fortes a Israel tanto por parte das Nações Unidas quanto da comunidade internacional.
A crescente interferência de outras nações imperialistas sugere a ideia de que a "paz israelense" só poderá ser alcançada quando todo o território palestino estiver sob controle de Israel, sem qualquer presença palestina. Na visão de Israel, parece não haver espaço para uma coexistência pacífica entre israelenses e palestinos.
Diante da notória violência do Estado de Israel contra a Palestina, não podemos ignorar a possibilidade de que o objetivo final de Israel seja a eliminação do povo palestino.
O intelectual judeu Noam Chomsky, amplamente conhecido por sua atuação em questões de geopolítica e direitos humanos, fez declarações firmes a respeito da situação atual na Palestina. Nas redes sociais, Chomsky criticou de maneira contundente as ações de Israel e denunciou que Tel Aviv comanda uma limpeza étnica contra as populações palestinas.
"A ousadia das ações israelenses é surpreendente. Fazem o que querem, sabendo que os EUA os apoiam. Isto é muito pior do que o que aconteceu na África do Sul; não se trata de um esforço para acomodar a população palestiniana como mão-de-obra reprimida, trata-se simplesmente de nos livrarmos dela"
Entender o racismo ensinado nas escolas de Israel contra o povo palestino para compreender o terrorismo de estado praticado por Israel
Nurit Peled-Elhanan, uma destacada crítica de Israel, compartilhou suas opiniões em uma entrevista à "A Pública". Ela ocupa o cargo de professora de educação, linguagem e semiótica social na Universidade Hebraica de Jerusalém e no David Yellin Academic College, onde conduz pesquisas aprofundadas sobre o discurso educacional em Israel.
Seus estudos resultaram na publicação de diversos livros, incluindo "Ideologia e Propaganda na Educação – A Palestina nos Livros Didáticos Israelenses". Como uma pacifista engajada na defesa dos direitos humanos, Nurit Peled-Elhanan argumenta que o sistema educacional em Israel tem como objetivo preparar as crianças e adolescentes para o serviço militar e instilar neles um temor em relação aos palestinos.
Nurit alega que esta forma de educação representa um componente de um sistema que ela considera racista e colonialista em relação aos palestinos, que, por sua vez, sustenta Israel como uma "etnocracia" - um Estado conduzido por um grupo étnico dominante. Ela argumenta que essa perspectiva é fundamental para a compreensão do conflito Israel-Palestina.
Na entrevista, a professora afirma que mesmo dentro da comunidade judaica, o discurso racista persiste. Certos grupos de judeus, como os judeus árabes e etíopes são frequentemente retratados como um problema que o Estado de Israel precisa enfrentar. O Estado os encara como necessários por razões demográficas, devido à necessidade de atrair judeus de outras regiões, no entanto, são considerados um fardo civilizatório, um conceito com raízes coloniais. Isso implica que eles devem passar por um processo de "civilização" e "ocidentalização" antes de poderem ser totalmente integrados.
Geralmente, são inicialmente encaminhados para campos de "reeducação", embora mesmo depois de várias gerações, a integração ainda não tenha ocorrido de maneira eficaz. Embora não sejam vistos como alvos de eliminação, esta distinção entre "puros" e "não puros" mostra que o racismo permeia diversos aspectos da sociedade.
E o governo brasileiro nisso tudo?
Com um veto dos EUA, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar hoje a resolução costurada pelo Brasil e que propunha que uma pausa humanitária fosse estabelecida em Gaza para socorrer milhares de civis. O bloqueio aprofunda a crise política e escancara a incapacidade das potências de chegar a um entendimento para frear o ciclo de mortes. Confirmando a fala de Chomsky, o governo de Israel agradeceu os americanos pelo veto anunciado em Nova York e criticou o Conselho de Segurança da ONU.
O que dizia a resolução do Brasil vetada pelos EUA
- Condenava os atos do Hamas
- Pedia a libertação dos reféns israelenses
- Cobrava de ambos os lados a proteção à população civi
- Denunciava os ataques indiscriminados sobre Gaza
- Pedia que Israel abandonasse a ordem de evacuar palestinos do norte de Gaza
- Estabelecia uma pausa humanitária e pedia que um corredor humanitário seja criado em Gaza
Contrariando a narrativa predominante na mídia convencional, o Brasil não designa o Hamas como grupo terrorista. O país abriga embaixadores de Israel , assim como abriga embaixadores da Palestina, em Brasília.
Talvez, tenhamos uma falsa impressão sobre a posição do Brasil e sobre o estado da Palestina porque a mídia convencional reproduz o mesmo discurso racista e segregacionista de Israel.
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