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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Impostômetro e a hipocrisia de uma elite sonegadora!


A mídia tradicional, principalmente os telejornais da vênus platinada, batem todos os dias na tecla do impostômetro. Para os ouvidos de alguns isto pode até soar como algo bom, um posicionamento crítico de uma imprensa antenada. 

Nada disso. O que a mídia faz é apenas reverberar uma hipocrisia e manipular seu público apostando na disseminação da ignorância.

O tal impostômetro foi uma invenção do coxinhismo paulista para medir o quanto de dinheiro vai para as contas do Estado (que a manipulação da mídia tenta sempre deslegitimar como algo obsoleto e dispendioso). Travestido de uma pseudo-preocupação com a competitividade da economia (uma posição liberal), o impostômetro acaba por justificar um argumento tortuoso do coxinhismo, que é este: porque eu vou dar o meu rico dinheirinho para um Estado corrupto e ineficiente? Prefiro ficar eu mesmo com meu dinheiro.

Acontece que além de sonegar e muito, se justificando dessa forma hipócrita e ignorante, o clássico coxinha faz o que com a grana sonegada? Doa para alguma creche?  Financia as atividades de algum hospital filantrópico? Doa para algum projeto de combate à fome? Não. Segundo o INESC ( Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos), mais de 90% do dinheiro sonegado vai para paraísos fiscais (opção número um da burguesia brasileira), para a compra de apartamentos em Miami em nome de laranjas e para coisas mais triviais como viagens à Disney.

As investigações sobre a sonegação que foram levantadas na operação Zelotes da PF e na CPI do HSBC no Senado mostraram que o "sonegômetro" bate em 500 bilhões anuais, em média! Já a corrupção, que integra o argumento coxinha para justificar a sonegação, bate em 88 bilhões por ano.

Repetindo o placar sonegação vs corrupção: 500 contra 88 bilhões. Isto se não considerarmos a sonegação como um dos braços da corrupção!

Em nenhum momento o discurso da mídia toca na questão da estrutura tributária brasileira, que taxa os pobres em 32% da renda enquanto os ricos contribuem com apenas 21%. Em nenhum momento esse discurso hipócrita resvala no problema da sonegação, que retira 500 bilhões de um país de 200 milhões de habitantes e com necessidades gigantescas no campo da saúde, da previdência e da seguridade social.

Na verdade, a mídia, que também é sonegadora, tenta vender o discurso de que pagar imposto é errado e sem ele (o imposto) sobraria mais dinheiro para as pessoas. São os mesmos que jamais se utilizam de saúde pública, ou transporte público ou que tenham preocupação com aposentadoria.

O que a elite não aceita, e jamais aceitou, é em contribuir de verdade para o desenvolvimento nacional e para a diminuição das desigualdades. Quem sustenta o Brasil é o assalariado e não a elite.

O Brasil precisa de uma estrutura tributária que incida sobre o acúmulo de capital (lucro dos bancos, rentismo, heranças, lucros e dividendos e grandes fortunas) e desonere a produção, o consumo e o salário do trabalhador. O Brasil precisa continuar a sustentar o seu Estado de Bem-Estar Social contido no artigo 6 da Constituição Federal de 1988.

O Brasil precisa deixar para trás sua triste sina de ser o país mais desigual e com maior concentração de renda do mundo.

Blog O Calçadão




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