Uma democracia não é apenas estruturada na garantia de eleições livres para a escolha dos representantes ou mesmo pela existência de assembleias populares deliberativas, no caso da democracia direta.
Uma democracia também é estruturada na confiança da população nas instituições democráticas, na confiança na credibilidade das informações disponíveis e na proteção e garantia de existência dos grupos minoritários dos mais amplos segmentos.
Quando tudo isso vai mal, a sociedade e a democracia vão mal e as soluções mais simplistas, como o apelo autoritário, cresce.
É isso que mostra a pesquisa "Medo da Violência e Apoio ao Autoritarismo" realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública: o medo, a sensação de insegurança (física e econômica), o descrédito das instituições e da própria mídia geram um descrédito pela democracia que, junto da liberdade, traz uma complexidade nas relações, na busca de soluções e na mediação de conflitos.
Nesses períodos de medo e insegurança coletivos, ganham força propostas mais simplistas, como os modelos autoritários, quando se imagina que uma força neutra, que paire acima do bem e do mal, entre em cena e resolva os problemas que a democracia parece não dar conta.
Acontece que essa força neutra não existe e sempre um Estado autoritário tem lado e, tendo lado, sua tendência não é preservar e conviver com o outro lado mas sim tentar eliminá-lo, causando ainda mais problemas.
O avanço do discurso reacionário, que está, inclusive, adentrando nos parlamentos e nos tribunais, é uma onda perigosa nesse sentido, pois pode estar colocando em risco décadas de avanços em políticas de Direitos Humanos desenvolvidas a partir da Constituição de 1988.
É preciso reencontrarmos logo o reequilíbrio da nossa democracia antes que seja tarde.
Ricardo Jimenez
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