O EIV é uma ferramenta de formação política para jovens do Movimento Estudantil (ME) junto aos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e dos Trabalhadores Atingidos por Barragens (MAB). Em sua 12ª turma, este ano, 40 estagiários e estagiárias se dividiram entre Iaras, Itapeva, Jarinu, Ribeirão Preto e Valinhos. Todo o processo ocorre em três momentos entre os dias 6 e 28 de janeiro.
O primeiro, em Jarinu, é realizado através de painéis e conta com análises de conjuntura e formações sobre economia política, opressões sociais (patriarcado e racismo) e sua relação com a estrutura capitalista, o histórico e o papel do Movimento Estudantil no Brasil e as questões agrária e energética. O segundo momento é a vivência junto aos movimentos sociais, em diversas localidades do estado de São Paulo, onde os estagiários viajam e se alojam por dez dias em acampamentos, assentamentos e quilombos e desempenham tarefas práticas junto aos seus moradores.
José Francisco (Paraguai) ofereceu um oficina de manejo em área de reserva aos integrantes do Levante Popular da Juventude |
Nesta segunda etapa, entre os dias 13/01 e 22/01, estudantes ligados a diversas universidades, por meio do EIV (Estágio Interdisciplinar de Vivência), ligado ao Levante Popular da Juventude, vivenciaram, dentro do Assentamento Mário Lago e do Acampamento Paulo Botelho, experiências ligadas ao modo de vida de assentados, acampados e os modos de produção agroecológica do MST.
Também no Acampamento, os militantes do Levante Popular da Juventude participaram da primeira etapa do II Ciclo de Educação Política: Marta Hernecker & Gabriela Uribe do Núcleo de Estudos e Formação Política – David Aidar, com a exposição dos dois primeiros módulos do Ciclo: 1 – Explorados e Exploradores; 2 – Exploração Capitalista.
Os estagiários, em sua estada no Assentamento Mário Lago, puderam vivenciar um trabalho junto à Cooperativa Comuna da Terra, a montagem de cestas agroecológicas, recebendo a produção dos produtores, ajudando e vendo como se faz o processo de comercialização dos produtos pela Comuna. Neste dia, também vivenciaram uma reunião de coordenação, realizada no Acampamento Paulo Botelho, onde se discute as questões relacionadas à vida no acampamento.
Os estagiários vivenciaram a produção agroflorestal em diversos lotes do assentamento, as diversas experiências dos produtores e puderam perceber um outro modo de produção, diferente do modelo do agronegócio. Para João Victor, a vivência mostrou que “o trabalho agroflorestal, da agroecologia consegue dinamizar a produção e gerar alimentos ricos, saudáveis que acabam sendo muito melhores, trazendo uma resposta. Nós vemos que o nosso sistema tradicional de agricultura e agropecuária traz muitos problemas”.
Oriundos de diversas universidades (USP, UNESP, FMU, UFSCAR, UFFRJ), os militantes do Levante puderam conhecer todos os processos de produção de um lote agroflorestal. Eles vivenciaram desde lotes em um estágio inicial até lotes em estágios avançados. Além disso, conheceram áreas de reservas de manejo que visam a recuperação ambiental das áreas em questão por meio do Sistema Agroflorestal (SAF).
De acordo com Ana Carolina Bertolucci, da Equipe Estadual de Movimento Estudantil do Levante Popular da Juventude, agora, em seu terceiro momento, “a vivência será retomada em Jarinu, onde os estagiários socializarão as suas vivências e terão novos painéis, sobre o objetivo e as ferramentas de agitação e propaganda e sobre as entidades estudantis (a saber, Centros Acadêmicos, Diretórios Centrais dos Estudantes, União Estadual dos Estudantes - SP, e União Nacional dos Estudantes).
Segundo a dirigente, “o EIV é uma ferramenta que forma militantes para a atuação dentro e fora das Universidades, e ganha importância ainda maior para aprofundar o vínculo entre os movimentos populares do campo e a cidade em uma conjuntura como a que vivemos desde janeiro, com os novos governos do estado de São Paulo e do país, que aprofundarão as medidas antipopulares e de criminalização da luta social”.
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