PROTAGONISMO DO BUTANTAN E O FUTURO DO INSTITUTO
O Instituto Butantã, que completa 120 anos nesta terça-feira, 23, está no centro de uma solução aguardada ansiosamente pelos brasileiros para combater e vencer a Covid-19: a vacina. É do Butantã a responsabilidade de produzir até aqui o maior número de vacinas contra a doença no Brasil e o instituto ganhou protagonismo na pandemia. Mas nem tudo é exatamente uma maravilha. Alvo de muitos problemas nos últimos anos, com denúncias de desvio de recursos, sucateamento de laboratórios e falta de pesquisadores, o Butantã está sendo preparado para a privatização. Com a pandemia, ganhou ares de excelência na gestão (que é da Fundação Butantan, entidade de direito privado responsável pela gestão administrativa e financeira do instituto), mas as dificuldades são enormes agravadas pela falta de transparência. Essa é a verdade.
Com a pandemia, o maior produtor de vacinas do Brasil (difteria, coqueluche, tétano, entre outras) mostrou que precisa ser resguardado da sanha privatista do governador João Dória e de quem o antecedeu, Geraldo Alckmin. Os recentes embates pela compra de vacinas de laboratórios privados contra a Covid-19 nos mostram a gravidade de ficar à mercê de laboratórios privados que visam ao lucro acima de tudo. Aliás, os laboratórios públicos, entre eles a Fiocruz, e a ciência no Brasil têm sido alvos constantes de cortes orçamentários e de um rol de dificuldades que só cresce. Bom para o mercado privado; ruim para o SUS. A pandemia ligou o alerta contra o objetivo do governo Dória de desmontar o Estado. É preciso olhar para o Butantan sem o ufanismo oficial.
Márcia Lia
Deputada estadual e coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e da Democracia.
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