Prisioneiro de Auschwitz. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Auschwitz.
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Gostaria de abrir um parêntese na série de textos publicados e falar um pouco hoje sobre uma das maiores atrocidades da civilização humana. Hoje, dia 27 de janeiro de 2015, comemora-se 70 anos de libertação do campo de concentração de Auschwitz na Polônia, ocupada pela Alemanha Nazista. Auschwitz foi o primeiro campo de concentração a construir um campo de extermínio, por meio da câmara de gás, na qual centenas de pessoas, homens, mulheres, crianças e idosos, em sua maioria, judeus, eram colocados, mortos e depois queimados. Estima-se que ali tenham sido mortos cerca 1,1 milhão de pessoas. Esse procedimento também foi levado a cabo em outros campos de concentração nazista totalizando mais de 3 milhões de mortos. Atualmente, Auschwitz é um museu que mostra os horrores da II Guerra e é visitado por cerca de 1,5 milhão de pessoas anualmente.
A lembrança da data me veio
em mente um texto, Educação após Auschwitz, de Theodor Adorno, em que ele reflete
um pouco sobre as condições que tornaram possíveis de Auschwitz
acontecer. A reflexão sobre a contribuição da educação (ou da falta dela) no
que aconteceu ocorre porque tudo aconteceu justamente no berço da civilização
ocidental diante dos olhos (e sob consentimento) de grande parte da população.
Adorno começa seu texto e continua
afirmando em todo ele que “a exigência para que Auschwitz não
se repita é a primeira de todas para a educação”. Essa sua preocupação ocorre
porque Adorno considera Auschwitz um
exemplo de barbárie, de como nos desumanizamos, coisificamos, de como somos
capazes de aceitar a barbárie cegamente coletivos e de como mesmo a educação
não conduz necessariamente a um processo civilizatório.
Para
ele, é preciso que examinemos Auschwitz exaustivamente
para que possamos aprender e aprendendo um pouco talvez possamos impedir que Auschwitz se repita.
E a educação tem um papel fundamental em tudo isso, uma educação para o esclarecimento,
para a reflexão e para a crítica, para a conscientização.
Adorno
finaliza seu texto relembrando uma conversa com Walter Benjamin em que pergunta
se atualmente haveria algozes que fossem capazes de praticar tamanhas atrocidades, 'Sim' afirmaria Benjamim.
Em
tempo, algumas décadas depois, vemos que tinham razão e que a educação ainda não
foi capaz de nos tornar mais civilizados e conscientemente humanos. Vemos
ainda preconceito, intolerância gerando violência e barbárie. Mais do isso,
vemos principalmente uma platéia que aplaude e legítima cegamente coletivos à barbárie.
"Amanhã pode ser a vez de um outro grupo que não os judeus, por exemplo, os idosos, ou os intelectuais ou simplesmente grupos divergentes." (Adorno, T)
Ailson Vasconcelos da Cunha,
professor e doutorando. Um eterno aprendiz.
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