Faz pelo menos 2 anos que a Globo encontrou um viés de golpe contra o atual governo: buscar um novo "rastilho" que faça "o povo" sair às ruas reproduzindo as manifestações de 2013.
Acontece que lá, naquele momento, o "rastilho" foi a dura repressão das polícias de Alckmin e Cabral contra as manifestações do Passe Livre. De repente, a Globo se viu na oportunidade de canalizar toda aquela coisa contra o governo.
Pronto, surgiram as manifestações "coxinhas" e, pela primeira vez, Globo e tucanato (a fiel aliança política dos últimos tempos) viram nos "coxinhas intervenção militar" seu quinhão golpista.
Agora o "rastilho" é a corrupção, tendo a Petrobrás como mote; lógico que escondendo devidamente seus aliados tucanos e expondo seus adversários petistas. Esse dia 15 nada mais é do que uma transmissão ao vivo da Globo a uma parada "coxinha intervenção militar" em benefício da aliança golpista derrotada nas urnas. É a tática "aloísio nunes" de sangramento da Dilma.
A intervenção militar defendida pelos coxinhas, muitos dos quais fiéis contribuintes de astrólogos e outros ultradireitistas de skype e youtube, é apenas um saudosismo ignorante do clima que se vivia em 64. Sonham com "os militares" que já não existem mais, mas são a massa de manobra perfeita para os modernos golpistas da atualidade. Todos, coxinhas, Globo, tucanos fazem escárnio da história e das vidas de brasileiros e brasileiras ceifadas naquele período.
Nos idos de 64, a mídia era parceira dos militares e dos empresários anti-nacionais que conspiravam contra um projeto soberano de país desde Vargas em 54. Foi a coroação de uma elite militar que se especializou em intervir na política desde 1910, no nascimento do movimento "tenentista" no governo interventor de Hermes da Fonseca. Era uma elite político-militar formada na ESG com ensinamentos dos EUA e que encabeçaram o projeto golpista apoiados pela UDN e empresariado.
Agora a coisa é diferente. Não que no meio militar o ultra-conservadorismo ainda não seja dominante. Ele até é. Mas, após os anos de extrema penúria que viveram sob FHC, os militares aprenderam a ser pragmáticos. Eles sabem que a retomada de sua reestruturação se deu a partir de Lula e sabem também que seu papel estratégico na defesa do país depende de um projeto nacionalista, totalmente ao contrário do que representa a aliança atual Globo-tucanato. O que os militares não têm mais é uma elite política. E é com essa "elite política" no seio militar, extinta pós-64, que os "coxinhas" conservadores sonham e é exatamente por aí que são fisgados tanto por "astrólogos" charlatães de internet quanto pela mídia golpista.
Vendo agora pela Globonews as imagens da manifestação em Copacabana, nota-se uma bandeira do Brasil, abaixo uma faixa "fora Dilma" e entre elas uma outra faixa "intervenção militar". No close da câmera, a repórter destaca as duas primeiras, ficando a outra como adorno subliminar. Para quem ainda consegue ver a mídia golpista com os olhos e a mente livres, essa cena é emblemática.
Os golpes modernos não se dão com tanques nas ruas, eles se dão na batalha da comunicação, que se reflete na batalha política. Para a aliança Globo-tucanato, a moderna UDN falso moralista, tudo que leve o povo a agir sem pensar é bom e bem-vindo. Quanto mais gritos de datenas, apelos à pena de morte, gritos por intervenção militar, melhor. Rebaixar o debate nacional e confundir as pessoas são as armas da aliança golpista.
Vestem-se todos de verde e amarelo, canta-se o hino nacional, toca-se, pasmem, Geraldo Vandré, tudo ao lado da faixa "Intervenção militar, já!", e ficam escondidos a sonegação da Globo, a lista do HSBC, o aeroporto do titio, a lista de furnas, 500kg de cocaína no helicóptero, a falta de água em SP, o caos do Paraná, os 10 milhões de Sérgio Guerra, o dinheiro do Anastasia e a vitória eleitoral de Dilma junto com 54 milhões de brasileiros que não se curvaram diante desse lixo.
O governo até pode reverter, como parece que está conseguindo, a bagunça da sua base parlamentar, pode mostrar sinais de que não irá abandonar a agenda social e progressista dos últimos anos, mas se não travar a batalha da comunicação estará fadado à derrota, uma derrota para um conluio entre uma corrente política derrotada nas urnas e uma TV que usa uma concessão pública para cometer repetidamente crimes de lesa pátria.
A luta continua.
Ricardo Jimenez
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