Na década de 70, Paulinho da Viola fez sucesso com uma composição de Nelson Sargento chamada "Falso Moralista".
O falso moralismo é bem típico do ser humano. Se o resultado da auto-disciplina e da humildade for falho, o falso moralismo é um cacoete que certamente afetará qualquer um. Se transpusermos o assunto para a mídia ou para a política, veremos que o falso moralismo predomina de longe em tudo o que é dito e feito diariamente.
Pior do que o ato falso moralista é a desonestidade que ele encerra, e isto virou praga nos dias atuais, onde o debate em alto nível é cada vez mais deixado de lado por um comportamento histérico, falso moralista por parte do cidadão comum e eivado de desonestidade por parte da mídia e do mundo político e jurídico brasileiro.
Temos uma mídia que foi criada em plena ditadura e que cresceu omitindo informações e manipulando o pensamento das pessoas segundo seus interesses. Estamos vivendo a maior crise econômica dos últimos 60 anos e nada disso é discutido pelas concessões públicas, ao contrário, tudo o que fazem é tentar jogar todas as mazelas nas costas do grupo político ao qual se opõem. Recordem a capa daquele pasquim semanal que tentou mudar o resultado das eleições na véspera publicando uma mentira. Vejam o caso da tal operação lava jato e seus depoimentos "premiados" e seus vazamentos seletivos. E o debate sobre isso? Ele não ocorre. O que há é um destempero público, um clima de caça às bruxas onde impera o falso moralismo e a desonestidade. Como pode uma concessão pública que deve mais de 1 bilhão (desviados em paraísos fiscais) em impostos ter moral para "julgar" alguém?
Vejam o caso do judiciário. Um certo ministro da alta corte, que em um passado recente foi flagrado ao celular com um candidato a presidente da oposição, adia o julgamento de um assunto extremamente importante para o saneamento das eleições, que é a proibição do financiamento empresarial em campanhas, e fica por isso mesmo. Qual o debate sobre isso? Nenhum. Mais uma vez predomina o clima de histeria e omissão de informações ao público, ficando as relações promíscuas entre o público e o privado intactas. Num país que se queira sério, esse debate deveria ser amplo, com todas as contas das campanhas analisadas e debatidas, pensando no benefício do país.
Vejam o caso da Petrobrás. Ninguém em época nenhuma duvidou que haveria corrupção na empresa. Mas porque a investigação feita sonega o período de tempo em que a atual oposição mandava no país? Se dois ou mais dos investigados declararam que as propinas começaram a ser pagas naquele período, porque ele não é investigado? Ora, porque o verdadeiro motivo da investigação não é para sanar os defeitos e punir os culpados, é para dar um golpe político que através das urnas tem sido impossível nos últimos 12 anos. O mesmo argumento serve para o juiz e os policiais federais que tocam as investigações. Se eles têm sobre si a suspeita de ligação com a oposição, porque permanecem à frente das investigações? Porque a investigação não é transferida para outra vara, que seja realmente neutra? Acho que a resposta é clara: por motivo político.
A verdade é que estamos passando um período onde o Brasil se encontra em uma encruzilhada histórica. A mesma encruzilhada em que o país já foi colocado outras vezes. E, no fundo, o que há é a disputa pelo poder e pelos caminhos escolhidos para o desenvolvimento nacional. Antes do momento atual, o outro momento de decisão se deu entre as décadas de 50e 60, onde o nacionalismo trabalhista de Vargas e Jango bateu de frente com o entreguismo da UDN. Deu em uma ditadura depois de muita desonestidade e falso moralismo na política e na mídia.
Enganam-se (ou fingem se enganar) aqueles que afirmam não ver diferença entre PT e PSDB. Há e muita. Mas se o debate se restringe ao discurso falso moralista da corrupção, sem que tudo seja de fato investigado, fica impossível notar as diferenças. E é exatamente nisso que aposta a parceria tucanato-mídia, confundir, jogar todo o sistema político no mesmo saco de gatos para derrubar seus adversários enquanto protege seus aliados. Hoje não há nada mehor do que ser tucano, pois você pode quebrar três Estados (São Paulo, Paraná e Minas), pode matar as pessoas de sede e nada te acontece. Já ser petista...
Tudo e todos devem ser investigados, dentro dos parâmetros democráticos, inclusive o caso HSBC (omitido pela mídia, que deve ao fisco e investe em paraísos fiscais), já que a sonegação fiscal é 8 vezes maior do que a corrupção.
Na recente campanha presidencial, apesar do forte clima de ódio, falsidades e mentiras, foi feita uma escolha bem clara pelos brasileiros (54 milhões de brasileiros): a defesa do emprego e da renda. A defesa do desenvolvimento nacional autônomo. Para quem já conseguiu sair da matrix da grande mídia, é fácil perceber que a perseguição atual contra a Petrobrás (incluindo agências internacionais) começou depois que Lula nacionalizou o pré-sal em 2009 e que Dilma venceu a oposição em 2010.
É isso que está em jogo, o desenvolvimento nacional. Cabe ao movimento social e ao governo eleito darem o tom do rompimento desta camisa-de-força do falso moralismo desonesto para que o Brasil mais uma vez não perca o trem da história, pois o mais prejudicado é sempre o povo trabalhador.
Ricardo Jimenez
Um comentário:
Texto muito bom e tremendamente esclarecedor.
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