É evidente que a Prefeitura de Ribeirão Preto vem sendo cada vez mais engessada na sua capacidade de investimento e de tocar a máquina pública com um padrão minimamente aceitável pela população e pelas necessidades de um centro urbano onde moram mais de 600 mil pessoas e por onde transitam mais umas 200 mil todos os dias.
Os funcionários públicos municipais tiveram que unir toda a sua força para arrancar do Executivo um reajuste que apenas recompõe a inflação. Já escrevemos aqui também as dificuldades por que passa a pasta da Infraestrutura, um órgão fundamental para a cidade mas que sofre um sucateamento há pelo menos 15 anos.
A Prefeitura não investe, pouco planeja e pouco executa.
Tratamos também aqui do orçamento municipal, apesar de haver uma grande dificuldade em se saber ao certo a quantas andam as dívidas do município. Uns falam em até 900 milhões. Uma outra caixa preta municipal, e há muito tempo, é a Coderp.
Não se trata de crucificar a senhora Dárcy Vera. Aqui no Calçadão nós consideramos que a crise da Prefeitura já vem de muito tempo. O abandono gerencial e a dilapidação patrimonial deram início em 1996 com Jábali e nunca mais pararam. Ribeirão Preto não tem liderança política capaz de criar um movimento que integre a população em um projeto de município. A cidade vive do rame-rame entre Executivo e Legislativo, com os vereadores assistencialistas disputando seus carguinhos no Executivo.
Um desses exemplos é a Transerp. A empresa tinha uma importância estratégica nos anos 80 e 90 operando e gerenciando as linhas do Trólebus. O serviço de Trólebus, silencioso e ambientalmente correto, operava as principais e mais lucrativas linhas da cidade. Implantado por Nogueira em 1982 e ampliado por Palocci em 1992, o sistema foi então entregue à administração neoliberal de Jábali, em 1996.
Alegando que o sistema estava "ultrapassado", o tucano extinguiu o serviço e entregou as linhas para as permissionárias privadas (em outro artigo veremos que o avanço neoliberal sobre o Trólebus foi bem mais amplo do que Ribeirão Preto). Na época a Transerp devia 7 milhões de reais. A joia da coroa foi entregue a preço de banana.
Todo um sistema de transporte público, que envolvia os terminais Carlos Gomes e Antônio Achê, foi desmontado e desde então as empresas de ônibus mandam e desmandam na cidade, entregando para o cidadão um dos piores transportes coletivos do Brasil.
A pergunta que fica é: para que serve a Transerp desde então?
Prováveis respostas: para gerenciar a indústria da multa, para operar o computador que sincroniza os semáforos, para empregar Willian Latuf, para gerar dívida etc.
Ribeirão Preto passa a sensação que não tem dinheiro para cuidar dos jardins das praças públicas, quanto mais para pensar e executar um plano de transporte coletivo.
Voltaremos a debater as possibilidades de transporte público na cidade, inclusive dando exemplos de cidades parecidas no Brasil e no exterior, mas uma coisa é certa: qualquer projeto novo de transporte coletivo na cidade deve passar fundamentalmente pela extinção da Transerp e pela devassa total nos seus documentos e balanços.
Jábali entregou a linha dos Trólebus alegando uma dívida de 7 milhões de reais. Quanto será que é essa dívida hoje? Algum vereador é capaz de responder?
Ricardo Jimenez
Um comentário:
Esse desgraçado do Jábali fez essa cachorrada com os trólebus unicamente por dinheiro! Essa história de que o sistema é ultrapassado é conversa fiada!
Queremos a volta dos trólebus!
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