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terça-feira, 4 de julho de 2017

"Ampliar o Leite Lopes": o lenga-lenga continua!

Foto: Tribuna

O Secretário Nacional de Aviação Civil afirmou nesta última semana ao Prefeito de Ribeirão Preto que a ampliação do Leite Lopes é prioridade do governo Temer.

Até aí, nenhuma novidade. Há 20 anos que o tema da ampliação do Leite Lopes é 'prioridade' do governo federal quando o Prefeito da ocasião bate às portas dos gabinetes de Brasília.


Há 20 anos esse assunto permeia o cenário político da cidade.

De concreto? Empobrecimento e retrocesso da região do entorno do aeroporto.

Em 1995, um Plano Diretor debatido com a sociedade indicava a necessidade de um aeroporto de grande porte para Ribeirão Preto, fora dos limites urbanos do município. Essa necessidade ainda existe, tanto para Ribeirão quanto para Araraquara e São Carlos.

E há um projeto nesse sentido, de um grande aeroporto internacional que atenda a essa região estratégica do interior paulista. E há inclusive terreno, próximo a cidade de Rincão.

Se a recomendação de 1995 tivesse seguido adiante, inclusive com a somatória de forças intermunicipais, incluindo os municípios que hoje integram a região metropolitana, já teríamos resolvido este assunto.

Porém, em 1999, um dos Prefeitos de ocasião, um que defendia uma administração "enxuta" e "empresarial" à la Dória, resolveu tirar do chapéu a 'maravilhosa' ideia de internacionalizar o Leite Lopes sobre a cabeça dos trabalhadores que habitam a região desde os anos 40.

Estava criado um dos discursos mais eleitoreiros e retrógrados de Ribeirão Preto. Há 20 anos!

O projeto, de todo impossível de ser concretizado, gerou graves entraves e afugentou os investimentos na região. Proprietários de imóveis largaram seus terrenos à espera da tão propalada indenização e os vazios urbanos criados foram ocupados por quem luta por moradia. Os 'empregos' não vieram e o entorno se tornou refém dessa falácia.

Nos últimos anos, devido a uma tentativa de mudar a lei de uso e ocupação do solo do entorno, de residencial para industrial, outra ameça passou a conviver com as famílias das ocupações: a violência por parte do poder público.

Hoje, uma versão menor do projeto, que será fatiado em 'etapas', conforme a SAC (Secretaria Nacional de Aviação Civil), prevê que sejam necessários 270 milhões de reais para "ampliar a pista, reforçar a cabeceira e adequar o terminal" para receber aviões cargueiros.

Nogueira voltou de Brasília com a promessa de 85 milhões, dos 270 milhões. O dinheiro não é o suficiente nem para terminar o 'puxadinho' prometido e vem de um governo na berlinda, mas já garante a continuidade do discurso que ecoa por Ribeirão há 20 anos.

O delírio completo, que prevê desapropriações em massa e a mudança de local da avenida Thomas Alberto Whatelli, ainda está muito distante mas permanecerá vivo no cenário eleitoral e assombrando a vida de quem vive no entorno do Leite Lopes.

Está mais do que na hora de uma força política, rompendo com a falácia e com o bairrismo provinciano, se levantar e dizer a verdade sobre essa farsa e defender um projeto de verdade, um aeroporto internacional em uma localidade fora de limites urbanos e que sirva, de fato, de integração e alavancagem econômica regional.

E para a população do entorno? Certamente a vinda de um Instituto Federal de Educação, a adoção de projetos de cooperativismo e economia solidária, apoiados pelo Poder público em parceria com a inciativa privada, e uma adequação no Plano Diretor, transformando a região em área de interesse social, sairiam muito mais em conta e gerariam mais empregos e renda do que a falácia da internacionalização do Leite Lopes que, ao longo de 20 anos, só gerou sofrimento e pobreza.

Ricardo Jimenez


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