Em palestra realizada no último dia 23, no Curso de Pedagogia da USP/Ribeirão Preto, o cientista político filiado ao PSOL e Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara dissecou os objetivos nefastos do governo Bolsonaro em relação à educação.
Na USP/Ribeirão Preto, no anfiteatro Lucien Lison, na última quinta-feira, 23, em uma fala de, aproximadamente, 90 minutos, para uma platéia lotada, o cientista político Daniel Cara falou sobre os desafios de construir uma escola de qualidade em tempos de obscurantismo e corte de gastos. Para ele, o governo Bolsonaro, de modo muito específico, ataca a Educação porque reconhece nesta uma função estruturante da democracia brasileira.
O Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação afirmou que o bolsonarismo trabalha em direção a um retrocesso às conquistas que foram construídas lentamente desde 1988. Para o ex-candidato a senador pelo PSOL nas últimas eleições, o atual governo quer frear a educação mediante projetos ultrarreacionários, atacando os direitos civis, políticos da população brasileira e os projetos sociais.
Para Daniel Cara está na hora das pedagogas e pedagogos reivindicarem a pasta da política educacional do país para si. |
O psolista chamou atenção para o que a esquerda chama de cortina de fumaça. Para ele, pautas como as da atual Ministra da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, Damaris Alves, são cortinas de fumaça para a pauta econômica mas, antes de tudo, são uma estratégia de marketing político que os ultraconservadores têm utilizado no mundo todo:
"O problema concreto é que essa pauta ultrarreacionária foi a que elegeu o Bolsonaro. Esta pauta tem apelo nas redes sociais, gera alcance e popularização para o governo dele", afirmou.
Cara destacou que o bolsonarismo é uma aliança entre o ultraconservadorismo e o ultraliberalismo (neoliberalismo). Inclusive, para o cientista político, este é mais danoso pois não se trata de uma agenda de governo, apenas, mas de uma agenda que encontra eco em partidos como o Novo, alas do PSDB, do PMDB e tantos outros partidos e bancadas no Congresso Nacional que têm a intenção de cortar gastos em tudo que possa representar um avanço em direção a democratização da sociedade brasileira.
Daniel citou o constante ataque do governo Bolsonaro ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra como exemplo maior de ataque aos direitos políticos exercido pelo atual governo: "As pessoas podem divergir do MST, isto faz parte do jogo democrático, mas as pessoas não podem ter a ousadia de acreditar que elas podem querer impedir o MST de colocar a sua pauta política"
Daniel citou o constante ataque do governo Bolsonaro ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra como exemplo maior de ataque aos direitos políticos exercido pelo atual governo: "As pessoas podem divergir do MST, isto faz parte do jogo democrático, mas as pessoas não podem ter a ousadia de acreditar que elas podem querer impedir o MST de colocar a sua pauta política"
Há um claro objetivo de frear os avanços democráticos dá sociedade brasileira. Os ataques à cultura pelos ultraconservadores fazem parte deste plano. |
Dentro desta ótica, Cara mostrou que a pauta ultrarreacionária do governo federal em relação à educação, de modo concreto, se direciona para a implementação do Projeto Escola Sem Partido e para a Educação Familiar. Sobre esta, muito mais do que, numericamente, retirar crianças e jovens da escola, existe o objetivo de criminalizar a escola como um lugar de perdição de crianças e adolescentes. Afinal de contas, criminalizando a escola, o professor, é mais fácil justificar os cortes direcionados à Educação: " O debate que está hoje no Congresso Nacional, por parte do governo, não é se vai ter mais FUNDEB, não é se vai ter mais recursos para o Plano Nacional de Educação. O debate que está hoje no Congresso Nacional é acabar com a forma que se dá o financiamento da Educação, acabar com as vinculações, produzir uma desvinculação absoluta do recurso. O resultado disso será catastrófico", disse.
Para ele há a intenção de desconstruir as conquistas realizadas em relação à educação desde 1988, principalmente aquelas que vieram durante o segundo mandato do governo Lula (PT): "O pouco que a gente avançou, especialmente no segundo mandato do Presidente Lula, para um país que é muito desigual, esse pouco tem um volume de mudança da sociedade enorme. E esse pouco que se avançou é aquilo que o Bolsonaro quer frear", disse.
Veja o vídeo de toda a fala, na íntegra, no final desta matéria. |
Entretanto, D.C. fez questão de ressaltar que os cortes na Educação não são uma novidade deste governo federal. Embora tenha afirmado que, posteriormente, a ex-Presidenta Dilma Roussef (PT) tenha se arrependido publicamente de ter nomeado o chicago boy "Joaquim Levy" para ser seu Ministro da Fazenda, e que o corte exercido foi de uma modalidade diferente do atual proposto, Cara lembrou que foi no segundo mandato de Dilma que Levy cortou R$11 bilhões da pasta.
Outra rememorada que veio à tona foram medidas do governo Temer como a reforma do Ensino Médio e a Emenda Constitucional 95 que congelou recursos para as áreas de Saúde, Educação, Saneamento Básico e Segurança pelos próximos 20 anos. De acordo com Daniel, estas medidas já mostravam um projeto ultraliberal de ataque à política de Bem-Estar Social. Para D.C., o governo Bolsonaro, enquanto continuação deste processo neoliberal da política temerista, é uma radicalização do processo que se iniciou no governo anterior: " O que ele (Bolsonaro) quer com esse projeto articulado de ultraconservadorismo e ultrarreacionarismo é frear o processo de democratização da sociedade brasileira", finalizou.
No final, Daniel Cara defendeu a necessidade de a esquerda, a centro esquerda e progressistas deixarem as bandeiras individuais de lado, defenderem os avanços democráticos do retrocesso imposto pelo governo Bolsonaro e convocou a todos à mobilização da quinta-feira, 30, em Defesa da Educação, e para a Greve Geral do próximo dia 14 de junho.
Veja o vídeo na íntegra:
No final, Daniel Cara defendeu a necessidade de a esquerda, a centro esquerda e progressistas deixarem as bandeiras individuais de lado, defenderem os avanços democráticos do retrocesso imposto pelo governo Bolsonaro e convocou a todos à mobilização da quinta-feira, 30, em Defesa da Educação, e para a Greve Geral do próximo dia 14 de junho.
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