A elite econômica da cidade está toda empenhada em reduzir o número de vereadores na Câmara municipal.
A maioria dos vereadores está inclinada a isso também, pois nogueiristas e ricardistas são ambos grupos políticos dependentes das forças econômicas da cidade.
Um pequeno grupo dentro da Câmara e na sociedade busca, ainda timidamente, resistir e defender a manutenção dos 27 vereadores.
É preciso, sim , reduzir o custo do legislativo, mas fazer isso à custa da diminuição da representação política é um tiro no pé que a população trabalhadora da cidade pode dar em si mesma.
As forças do poder econômico apostam na atual rejeição da política por parte da população para emplacar um projeto que só beneficia o próprio poder econômico, que já dita há muito tempo os caminhos políticos da cidade.
Não interessa ao povo trabalhador, cuja ampla maioria reside em bairros populares carentes de todas as políticas públicas, perder representatividade política. Mas é isso que a elite econômica da cidade quer e pressiona, inclusive com apoio da mídia comercial.
Se espera que as forças progressistas tenham coragem política de enfrentar esse tema pelo lado correto, o da representação popular na política. É preciso mostrar ao povo a importância da participação política como forma de lutar por direitos.
A redução do número de vereadores associada à reforma política conduzida por Eduardo Cunha em 2016, que abriu a possibilidade do auto-financiamento dos ricos e das associações bancadas por muito ricos, desenha um cenário e retirada da representação política popular.
Imagine você uma liderança comunitária tentando se eleger vereador. Imagine algum representante das mais de 100 favelas da cidade tentando se eleger vereador. Imagine qualquer candidato que não beije a mão dos donos do dinheiro tentando se eleger vereador em um cenário de restrição de vagas e de restrição econômica.
O 'puxadinho' da Câmara
Está aqui um assunto que se vincula com o item tratado acima.
Simplesmente reduzir vereadores não mudará o perfil do nosso legislativo. Na falta de políticas públicas no município que gerem emprego, renda e inclusão social, a Câmara se torna um local de peregrinação de cunho assistencialista.
É assim no país todo.
O clientelismo ainda é parte integrante de nossos legislativos. O 'puxadinho' da nossa Câmara custará 8 milhões de reais e se destina a "acomodar melhor os gabinetes dos vereadores". E a parte antiga se destinará a ser um "centro de atendimento ao público".
Percebem?
É preciso mudar o perfil da Câmara e não diminuir a representatividade política. Em diversos países mais ricos que o Brasil, os legislativos são muito mais enxutos e eficientes que os nossos na sua função primordial de fiscalizar o executivo e propor leis. Se nosso legislativo tivesse esse outro perfil, um 'puxadinho' seria totalmente desnecessário.
Outra coisa é o financiamento das campanhas. O atual modelo brasileiro é bastante cruel para candidaturas populares, abrindo caminho para uma dominação ainda maior do poder econômico sobre a política.
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