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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Nova velha gramática do terror

 

Imagem gerada por IA a partir do poema

Quanto tempo resiste a memória?
A ganância apodrece a terra

os trabalhadores 

à cobre de silêncio 
e nos faz brotar a sombra mais sombria.


Atravessa-nos o império com lanças visíveis
e vestido
tratadas as fronteiras
terras remarcadas sangram
quem cultiva raízes e esperanças,
como chuva de medo, palha e grades.

Quanto tempo resiste a memória?
A ganância apodrece a terra
os trabalhadores 
à cobre de silêncio
e nos faz brotar a sombra mais sombria.

Entrando em cada fenda
o anticomunismo, o fascismo e seu manto,
vem mais uma vez ao nosso encontro,
mais uma vez pelo beco das ausências,
da surdez de nossas mãos e nossos nãos.

Forjado como olhos vendidos e porões , 
venda disfarçada de combate à censura 
à entrada prato funesto e apodrecido 
colar furioso de quem defendeu ratos 
vaginas torturadas, choques elétricos 
nomes esquecidos e não resolvidos, 
um eco interno e dissonante ressoa em nosso silêncio histórico

câmara oca com quatro cavidades
a razão não se ouve.

Cirandas a chorar dentro de um poço,
a voz se torna lamento individual
soluços no escuro e úmido eco de si mesmo
com seus vestígios de lágrimas perdidas
e raiz isolada

O império define as linhas da América Latina,
escreve seu domínio em tinta invisível,
faz da cultura um campo de batalha,
e nas universidades,
no campo
nas cidades
planta suas armas.

As igrejas sussurram doutrinas.
Sinos mudos,
velamos nossos mortos
nossas mudas 
e velados morremos nos prédios pré-natal...

mas os territórios populares,
espremidos entre o lucro e o exílio,
resistem com os pés fincados na terra.

Um comentário:

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