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“Ocupar para alimentar o Brasil” Fotos: Filipe Augusto Peres |
Durante a coletiva de imprensa que abriu a V Feira Nacional da Reforma Agrária, representantes do MST destacam a produção camponesa como alternativa viável e necessária ao agronegócio
Na manhã desta quinta-feira (8), no Parque da Água Branca, em São Paulo, a abertura oficial da V Feira Nacional da Reforma Agrária foi marcada por uma coletiva de imprensa em que Débora Nunes e Márcio Santos, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), apresentaram os objetivos e a grandiosidade do evento que se estende até o domingo (11).
Com mais de 500 toneladas de alimentos, 1.800 variedades de produtos e 30 apresentações culturais previstas, a feira reafirma o protagonismo da agricultura familiar e agroecológica como eixo central para o desenvolvimento sustentável no país.
Segundo Débora Nunes, a feira não é apenas uma exposição de alimentos e cultura, mas uma verdadeira “jornada de luta”.
“É uma forma de luta que oferece à cidade o que temos de melhor. Os mesmos sem-terra que ocupam latifúndios para fazer a reforma agrária acontecer são os que hoje trazem alimentos saudáveis para a cidade de São Paulo”, afirmou.
Nunes destacou que o evento é resultado de um longo processo de organização popular e tem como objetivo central debater temas estruturantes como o direito à alimentação, a agroecologia, a preservação ambiental e o acesso justo aos bens comuns da natureza.
Entre os números apresentados, destacam-se as 500 toneladas de alimentos trazidos por feirantes de 24 estados brasileiros, a presença de 2 mil militantes e trabalhadores envolvidos na montagem do evento e o lançamento de 11 novos produtos agroindustrializados. Ainda, de acordo com os organizadores, haverá distribuição gratuita de 25 toneladas de alimentos para mais de 50 organizações sociais da capital paulista, como parte do Ato de Solidariedade que se consolidou como uma marca do movimento.
Márcio Santos reforçou a dimensão política e simbólica da feira.
“Ela já faz parte do calendário oficial da cidade e é um exemplo concreto do que é o cumprimento da função social da terra”, afirmou.
Márcio contrastou a produção dos assentamentos com a concentração fundiária no Brasil:
“Enquanto 1% dos proprietários controlam mais de 50% das terras improdutivas, o MST mostra que é possível produzir alimentos saudáveis, respeitando a natureza e gerando vida e biodiversidade.”
O dirigente também ressaltou que a agroecologia vai além de um modelo produtivo:
“Ela envolve relações sociais, comércio justo e valorização dos biomas locais. A feira mostra esse outro tipo de agricultura possível, conectada à cultura, à saúde e à justiça ambiental.”
A programação do evento inclui mais de 100 pratos típicos servidos em 23 cozinhas regionais, seminários, oficinas, exposições de tecnologias adaptadas à agricultura familiar, e uma intensa agenda cultural com mais de 250 artistas. O encerramento será marcado pelo Festival Por Terra, Arte e Pão, com shows de Catto, FBC, Fat Family, Arnaldo Antunes, Marina Lima e Paulinho Moska.
De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra , a feira é também uma celebração dos 10 anos da primeira edição do evento, realizada em 2015 no mesmo local.
“A população de São Paulo já reconhece a importância da nossa feira. E o nosso convite é para que todos venham, comprem, aprendam, saboreiem e vejam de perto a potência da reforma agrária popular”, concluiu Débora Nunes.
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