Marta Suplicy se filiou esta
semana ao PMDB lançando um discurso em favor da ética e contra a corrupção,
alguns meses após sair do PT atirando contra tudo e contra todos. Seu movimento
é semelhante ao de outros políticos em véspera de eleições entres os quais
podemos destacar o movimento realizado pela Marina Silva em 2013.
Marina Silva foi eleita
senadora pelo PT por duas vezes (em 1994 e 2002). No entanto, quase não exerceu
esse segundo mandato, pois foi nomeada Ministra do Meio Ambiente pelo governo
Lula, cargo que ocupou até 2008 quando saiu bastante insatisfeita pelas suas derrotas no MMA e pelos rumos do desenvolvimento do país. Na época já anunciava que
não pretendia se candidatar novamente senadora. Ao mesmo tempo surgiam rumores
de sua candidatura à presidência em 2010. Não demorou muito para que ela se
filiasse ao PV e se lançasse à presidência: uma candidatura nova que trouxe uma
terceira via para aqueles que estavam insatisfeitos com o governo petista, mas
não queriam de volta o neoliberalismo do PSDB. Naquela eleição, Marina acabou
em terceiro lugar com quase 20 milhões de votos, o que deu a ela bastante força
política nos anos que se seguiram e a motivou a fazer campanha já para 2014. Insatisfeita
com o PV se lançou numa jornada para a criação de sua REDE que não obteve
sucesso até a data de filiação (um ano antes das eleições) e, num movimento
completamente inesperado decidido em uma madrugada, filia-se ao PSB do então
pré-candidato Eduardo Campos. Sua filiação ao PSB foi bastante oportunista ao
seu desejo de se candidatar à presidência que pelo acaso do destino (após a
trágica morte de Eduardo Campos) acabou acontecendo. No entanto, sua prática
sempre esteve distante de seu discurso: Marina pregou uma nova política se
valendo da velha política. Marina agradou como uma novidade e como uma terceira
via, mas tão breve seu discurso foi sendo desconstruído lançando holofotes para
suas (velhas) práticas que caiu de primeiro para terceiro colocado na corrida
presidencial e não bastasse ter perdido parte de sua credibilidade na campanha
ainda apoiou o PSDB no segundo turno.
Marta Suplicy teve uma longa
trajetória no PT: após ter sido deputada federal pelo partido, foi eleita
prefeita da cidade de São Paulo em 2000 e encerrou seu mandato em 2004 com bons
índices de aprovação (que, até hoje, conferem a ela credibilidade na cidade).
Mesmo assim, perdeu a reeleição para o Serra naquele ano. Nas eleições
seguintes (2006), desejava se candidatar ao governo do Estado de São Paulo, mas
perdeu sua indicação para o então senador Aloísio Mercadante. Logo após, a
reeleição de Lula foi nomeada para ser Ministra do Turismo, onde passou por
aquele fatídico episódio na crise dos aeroportos (quem nunca disse, durante um
atraso em um voo ‘relaxa e goza’?). Em 2008, candidatou-se novamente a
prefeitura de São Paulo perdendo no 2º turno para o então prefeito Gilberto
Kassab, após uma campanha marcada por acusações de nível questionável. Em 2010,
após perder para Dilma a preferência do Lula para a candidatura à presidência,
Marta foi eleita para o senado. Em 2012, perdeu a indicação para concorrer novamente
à prefeitura de São Paulo para o Ministro da Educação Fernando Haddad, o
preferido de Lula. Em 2014, perdeu a indicação para concorrer ao governo do
Estado de São Paulo para o então Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também
preferido de Lula. Certo de que nas próximas eleições municipais não teria
espaço para concorrer pelo PT, haja vista o mandato do atual prefeito Fernando
Haddad, Marta imbuída do desejo de concorrer, tratou logo de caçar seu rumo e
iniciou imediatamente sua campanha. Primeiramente saiu do PT demonstrando seu
descontentamento de longos anos com o PT e com Lula, atirou contra a corrupção
que tomou o partido, segundo ela, mas agora, filiou-se ao PMDB de Cunha, Renam
e Sarney proferindo elogios e discursando contra a corrupção (que ironia!).
Marta, em 2015, assim como
Marina, em 2013, faz política, a velha política, mas com um atributo a mais:
rancor. E por fazerem da política, a velha política com rancor, essa em que o
discurso está distante da prática e que a coerência inexiste, perde a credibilidade
que construiu ao longo dos anos. Diante da tragicomédia que vai se desenhando
as eleições municipais paulistanas de 2016, Marta ainda irá sobreviver
politicamente, mas esse discurso rancoroso e pouco coerente a fará cair no
esquecimento tão breve quanto Marina.
Um comentário:
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MARTA SUPLICY
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A Dona Marta Suplicy
Não parece ter setenta
Graças ao Ivo Pitanguy
E à vida que ela ostenta
Come bem, faz exercícios
Namora porque é preciso
Manter o coração ativo
E para preservar a fortuna
Ela não perde as disputas
Por cargos eletivos.
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Vestindo vermelha camiseta
Ela conseguiu se eleger
E transformou-se em Prefeita
Isso tudo graças ao PT
Mas o paulistano não aprovou
A sua gestão e ela ganhou
Para o seu nome um sufixo
E assim foi erguida a faixa
Escrito ‘Fora Martaxa’
Devido à taxa do lixo.
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Agora ela quer tentar de novo
Ser a Prefeita de São Paulo
Porque acha que o povo
Tem mente de cavalo
E como o PT não a apoia
Nas suas políticas paranoias
Ela decidiu filiar-se ao PMDB
Para unir-se a Eduardo Cunha
Renan Calheiros e à turma
Que rouba sem ninguém ver.
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Ela traiu as suas origens
Mostrando não mais merecer
Os votos das pessoas simples
Que achavam que ela poderia ser
Uma aristocrata com o ideal
De transformar a nossa Capital
Na mais aprazível cidade
Falhou e só lhe resta retornar
À antiga atividade e se tornar
Sexóloga da terceira idade.
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Eduardo de Paula Barreto
29/09/2015
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