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terça-feira, 2 de agosto de 2016

MST ocupa usina de Grupo Atalla que deve mais de 5 bilhões em sonegação fiscal. Reforma agrária, já!

Fotos: Arquivo MST


Cerca de 700 pessoas do MST do estado de São Paulo ocuparam hoje o latifúndio Usina Lambari, com cerca de 1000 hectares de propriedade do Grupo Atalla, no município de Jaú.
A fazenda se encontra abandonada e atualmente está arrendada para a Raizen. Criada a partir da junção de parte dos negócios da Shell e da Cosan, a Raizen cresceu como empresa única. Atualmente, é considerada uma das cinco maiores empresas em faturamento e uma das três maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil. É a principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar do país e a maior exportadora individual de açúcar  de cana do mercado internacional.
O Grupo Atalla possui diversas empresas em outros ramos, entre elas a Central Paulista de Açúcar e álcool em Porecatu, Paraná, ambas com filiais em todo o estado. O Grupo também tem a Ciplan Cimentos Planalto que opera no ramo de cimentos e construção civil no Distrito Federal e a Central Paulista de Inseminação Artificial (Haras Atalla).


HISTÓRICO DO GRUPO ATALLA

As usinas de açúcar e álcool do Grupo Atalla foram ao auge nos anos 70. Jorge Wolney Atalla - proprietário da Fazenda Usina Lambari, foi o presidente de honra da Copersucar, maior exportadora brasileira de açúcar e etanol no mercado mundial. Atualmente, a Companhia é responsável pela exportação de 55% da produção de açúcar e 60% da produção de álcool produzidos no país.
Jorge Wolney Atalla também foi um dos criadores do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para desenvolver variedades genéticas mais produtivas que, inicialmente, tinha como controlador único a Copersucar e hoje estão entre seus principais acionistas empresas como: Grupo Raizen, Odebrecht, São Martinho, Bunge, Tereos, Coruripe e Santa Terezinha.
O Grupo Atalla foi um dos financiadores da Operação Bandeirantes (OBAN) em São Paulo. A OBAN foi o maior esquema de caça aos militantes de esquerda, tortura, assassinato e desaparecimento durante a ditadura civil-militar e era comandado pelo exército. Não por acaso, os governos militares concederam empréstimo de 300 milhões de dólares para o Grupo Atalla, com prazo a perder de vista nos anos 1970, os quais nunca foram devolvidos aos cofres públicos.

CENÁRIO ATUAL

As usinas em falência do Grupo Atalla foram arrendadas em parte para a Cosan e Raizen - empresas que dominam a cadeia produtiva da cana-de-açúcar e etanol no país - e também para a Usina Equipav - complexo de usinas, mineradoras, construtoras, entre outros negócios.
Segundo informações de Sindicatos da região, quando arrendou para o Grupo Cosan - desde novembro de 2007 até o momento - o Grupo Atalla demitiu mais de 3000 trabalhadores no estado de São Paulo, sem acertar os direitos trabalhistas. Existem 700 ações judiciais movidas por trabalhadores contra o Grupo que tramitam em duas Varas do Trabalho, em Jaú. Entre os trabalhadores lesados estão: cortadores de cana, trabalhadores da indústria química e alimentação - produção de açúcar e álcool), motoristas de transporte de cana e vigilantes.
As demissões em massa de deram por conta do acordo de arrendamento entre o Grupo Atalla e o Grupo Cosan. A Cosan pagou antecipado por cinco anos de arrendamento para o Grupo Atalla. Mesmo assim as dívidas trabalhistas com os funcionários não foram sanadas.
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais  de Jaú, Mineiros do Tietê, Igaraçu e Barra Bonita denunciaram a empresa para o Ministério Público do Trabalho. Também, Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação e Sindicato das Empresas do Transporte fizeram fortes denúncias.

SITUAÇÃO JUDICIAL

Segundo informações do Jornal Cidade/Bauru e Jornal do Comércio de Jaú, a Justiça do Trabalho de Jaú bloqueou contas bancárias do Grupo Atalla para pagamentos de rescisões de contrato de mais de 800 trabalhadores demitidos, atendendo liminar em ação civil pública da Procuradoria Regional do Trabalho de Bauru, da 15a Região.
Em 2008, a liminar foi concedida pelo Juiz José Roberto Tomazzi, da 1a Vara do Trabalho da Comarca de Jaú. De acordo com o procurador Trabalho, Luís Henrique Rafael, aproximadamente R$ 2,5 milhões foram bloqueados das contas bancárias de empresas do Grupo. Após a justiça determinar o bloqueio dos ativos financeiros do Grupo, esse valor foi repassado para uma conta judicial e está a disposição da Justiça do Trabalho.






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