O golpe não fracassou |
O golpe fracassou?
Não. O golpe é continuado desde 2016.
O fascismo de Bolsonaro e seus 12% do eleitorado (sim, nem todos os 25% de apoiadores são fascistas) existe e é um movimento de massas, construído a partir do verdadeiro golpe, o de 2016. Mas não é um movimento em ascensão nem capaz de uma tomada de poder.
O 7 de Setembro representou apenas a prospecção para uma aventura e um ato de mobilização eleitoral para 22. Sendo que a aventura fracassou e a mobilização eleitoral tende a fracassar.
Diante da emoção da turba, Bolsonaro ultrapassou a linha e só não foi um movimento fatal porque Temer entrou em cena costurando um acordo por cima. Um acordo meia boca, pois nem todo o sistema neoliberal embarcou, mas um acordo momentaneamente suficiente para estancar o movimento pró- impeachment que ganhou muita força entre os dias 7 e 8.
A entrada de Temer no circuito mostra que o verdadeiro golpe, o de 2016, que envenenou a política, fermentou o anti-petismo, derrubou uma Presidenta honesta e prendeu Lula por 580 dias, continua vivo e operante.
Se a agenda do impeachment ganhasse corpo, as reformas neoliberais iriam pro espaço, com a possibilidade de derrota estratégica em um possível fortalecimento do campo popular com vitória de Lula em 22 à frente de um programa de perfil anti-neoliberal.
Esse é o embate principal para o futuro do Brasil.
O bolsonarismo, fenômeno criado pelo golpe de 16, é fascista? É. Tem muita gente? Tem. Mas quem dá as cartas hoje é o golpismo de 16, nosso maior e mais perigoso inimigo.
Essa é a leitura dos fatos que faço, sem elucubrações mirabolantes nem teoria da conspiração.
Cabe ao campo popular fazer a leitura correta, entender os motivos que levam Lula a liderar as pesquisas, compreender os rumos do fracasso econômico que está colocado no país, perder o medo paralisante das falácias do baderneiro do Planalto e refrear a vontade de se juntar a parte dos golpistas de 16 numa improvável "frente anti-Bolsonaro" sem conteúdo político definido.
A definição dos rumos de 22 se darão ainda em 21.
Sangue frio, rumo e luta.
Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão
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