Não é mais necessário fazer um histórico profundo sobre as origens da emissora do Jardim Botânico. Criada na ditadura e acostumada a se utilizar de uma concessão do Estado para fazer política, a emissora nunca tolerou ser contestada.
São inúmeros os exemplos de abuso de poder, chantagens explícitas, omissões e distorções históricas.
O Brasil permitiu que se construísse no país um sistema de mídia comandado por meia dúzia de magnatas sustentados com verbas públicas e com enraizamento em emissoras menores Brasil a fora sob controle de políticos tradicionais.
Tudo isso sem o menor controle social e nem nenhum instrumento de controle externo ou lei de direito de resposta (a que foi aprovada agora da autoria do Senador Requião está sendo contestada pela emissora no STF).
Durante décadas esse império reinou solitário. Apoiou a ditadura, de onde se originou; apoiou o governo Sarney, onde se agigantou; e apoiou o governo FHC, para o qual foi o pilar de sustentação desde a eleição de 1994 e do qual retirou os recursos, via BNDES, que a salvaram da bancarrota em 2002.
A coisa começou a se complicar a partir de 2003. A Carta ao Povo Brasileiro (ao 'mercado') e a manutenção das gordas verbas publicitárias públicas apontavam inicialmente para uma 'conciliação e classes'. Conciliação essa logo rompida no 'mensalão', marco inicial do caminho de choque entre a emissora e o governo do PT.
A tentativa de se evitar a quarta vitória seguida do campo trabalhista começou nas manifestações de 2013, quando a emissora do Jardim Botânico tomou a narrativa das marchas. O movimento contava ainda com a morte ou saída definitiva de Lula da vida pública para, novamente, estacionar o seu carro no Palácio do Planalto.
Deu tudo errado. Dilma se reelegeu e Lula está vivo, de olho em 2018 e o PT no comando de 200 bilhões de barris de petróleo no pré-sal.
Foi preciso voltar às antigas. Medidas de força travestidas do velho, surrado mas eficiente discurso hipócrita do 'combate à corrupção'. Um novo xerife era necessário, pois Joaquinzão, já cumpridor da sua cota de sacrifício, se retirou.
O novo xerife escolhido é um velho parceiro do tucanato, o grupo político correia de transmissão da emissora do jardim Botânico. Construiu-se um aparelho dissidente dentro do Estado (bem ao gosto dos saudosos de 64) e o restante da 'opinião pública' foi subjugada diante do canhão do Jornal Nacional apontado para as fuças.
Há um ano o país está paralisado diante de uma grave crise política que não permite saídas para a crise econômica, que é mundial. A Presidente eleita não governa, pois Cunhas, Aécios e Moros não deixam.
Na última sexta veio a tentativa decisiva de golpe. Sequestrar e encarcerar o maior líder político do país nos últimos 50 anos. Antes, um fogo intenso de artilharia midiática contra pedalinhos de ganso, apartamento no Guarujá e Sítio reformado buscaram preparar a opinião do povo para o grito final: "prendam esse ladrão".
Mas o grito que veio foi outro. Fez-se ouvir o grito daqueles que não mais se curvarão ao poder da emissora. Hoje a emissora não é mais a dona da única 'voz' do país. Uma nova e tecnológica 'Cadeia da Legalidade' se formou. O Cara foi solto, falou em cadeia nacional e deu uma reviravolta na opinião pública.
A emissora passa a ser o alvo e, como é da sua natureza, apela: "chamem os militares", grita através de suas penas de aluguel.
Seria preciso que as cabeças pensantes desse país sentassem para conversar. A crise econômica deve ser a prioridade, proteger o emprego e as conquistas sociais. Mas como fazer isso se o campo golpista não arreda pé de sua posição? Assim, a única alternativa é a luta e ela nem começou.
As forças progressistas devem manter e intensificar a mobilização de rua e buscar apoio de cada vez mais gente dentro e fora do país. A prisão de Lula já está decretada pelo xerife de Curitiba, só a mobilização vai revogá-la.
Os próprios veículos de mídia alternativa encontram-se na mira do monstro e do seu xerife de estimação.
A luta por um país soberano e democrático passa pela força dos democratas e pelo enfrentamento do verdadeiro inimigo, aquele que passou sua existência acreditando que o Brasil lhe pertencia.
Ricardo Jimenez
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