sábado, 27 de maio de 2017
Internação compulsória: os campos de concentração de Dória?
Os motivos já estão sendo discutidos em todos os lugares.
Seria a tal 'limpeza' da cracolândia uma combinação com os interesses da especulação imobiliária?
Bom, independente dos motivos, a 'limpeza' da cracolândia é apenas mais uma aparição pública da face real da administração Dória no município de São Paulo: a violência e o desprezo pelos mais frágeis socialmente.
O própria palavra utilizada, 'limpeza', já aponta para a face cruel da administração.
Quando um grupo começa a usar 'limpar' para se referir a algo social, geralmente quer dizer que é preciso retirar das vistas aquilo que 'incomoda o cidadão de bem': o pobre, o miserável, as vítimas mais visíveis da desigualdade e da injustiça social.
E agora, além da violência contra moradores de rua, da brutalidade contra ciclistas, vem o tratamento indecoroso contra os dependentes químicos.
Apoiado em uma autorização esdrúxula do TJ paulista, Dória vai tentar internar compulsoriamente que a administração considerar dependente químico.
É uma afronta direta aos direitos humanos e ao estado civilizatório construído ao longo de séculos.
Como vai ser isso? Quem vai escolher quem vai ser internado? Por quanto tempo isso vai vigorar? Para onde serão levados?
Esse é um precedente perigoso e fruto dos tempos atuais onde o proto-fascismo saiu do armário.
Aqui mesmo em Ribeirão Preto um vereador já ensaiou algo parecido, querendo proibir a existência de moradores de rua que 'incomodam os cidadãos de bem'.
São ações truculentas que agridem o lado mais fraco e frágil da sociedade. É um pensamento político covarde.
Problemas sociais se resolvem com políticas públicas articuladas, que acolham e incluam pessoas, não com violência e discriminação.
Fica a sensação de que se está maluquice não for barrada, teremos em breve os 'campos de concentração de Dória', onde a 'limpeza' imperará.
Ricardo Jimenez
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